Segredos
do Poder
Conheça os envolvidos
Fernando Henrique Cardoso
O presidente acompanhou o processo de privatização do sistema Telebrás
por meio de informações da equipe econômica. Quando o escândalo
do grampo estourou, afirmou que uma operação criminosa, a escuta
telefônica, deveria ser repudiada. "Sou muito contra essa questão
de o crime compensa, o crime ganhou. Vocês verão com o tempo que
quem praticou o crime pagará. E quem está feliz por causa do crime
pagará", disse FHC em 24 de novembro. O caso resultou nas demissões
de Luiz Carlos Mendonça de Barros, José Roberto Mendonça de Barros
(então na Câmara de Comércio Exterior) _que alegou "solidariedade"
com o irmão_ e André Lara Resende
Luiz Carlos Mendonça de Barros
Engenheiro, 56, fundou o Planimbanc em 83. Foi diretor de Mercado
de Capitais do Banco Central (85 a 86) e retornou ao Planimbanc.
Em 93, fundou o banco Matrix, com André Lara Resende. Assumiu a
presidência do BNDES em novembro de 95. Com a morte de Sérgio Motta,
deixou o BNDES para se tornar ministro das Comunicações. Demitiu-se
em novembro de 98, por causa do escândalo do grampo telefônico no
BNDES, mas nunca se afastou completamente do governo. Acaba de ser
eleito vice-presidente do PSDB
André Lara Resende
Economista com doutorado no MIT, trabalhou nos anos 80 nos bancos
Garantia e Unibanco, de onde saiu para fundar o Matrix, com Luiz
Carlos Mendonça de Barros. Em 85, tornou-se diretor da Dívida Pública
do Banco Central, participando da elaboração do Cruzado (86). Assume
o cargo de negociador da dívida externa em 93, sendo um dos pais
do Real (94). Volta ao Matrix em 95 e, dois anos depois, torna-se
assessor especial de FHC. Assumiu o BNDES em lugar de Mendonça de
Barros, saindo após o escândalo, em 98
Pérsio Arida
Economista com doutorado no MIT, 47, exerceu vários cargos importantes
no governo. Em 85, foi nomeado secretário especial da Secretaria
do Planejamento, participando do Cruzado. Depois foi diretor da
Área Bancária do Banco Central, de onde saiu em 86. Nos sete anos
seguintes, trabalhou no Unibanco. Em 93, assumiu a presidência do
BNDES. Em janeiro de 95, tornou-se presidente do BC, ficando poucos
meses. Em março de 96, foi para o Opportunity como sócio-diretor,
saindo após o escândalo das fitas. Voltou aos estudos
Carlos Francisco Jereissati
Empresário, 52, comanda o grupo La Fonte desde 69. Há três anos,
resolveu atuar em telecomunicações, segundo costuma afirmar, incentivado
por Sérgio Motta. Participou de dois consórcios montados pelo Opportunity
(Americel e Telet) que compraram empresas de telefonia celular da
banda B. Um mês antes do leilão da Telebrás, rompeu com o Opportunity
(sobretudo, com Elena Landau). Enfrentou Mendonça de Barros na disputa
pela Telemar. É irmão do governador do Ceará e presidente nacional
do PSDB, Tasso Jereissati
Clóvis Carvalho
Ministro-chefe da Casa Civil desde 95. Tem 60 anos, foi secretário-geral
do Ministério da Fazenda quando FHC ocupou o cargo, entre 93 e 94.
Na Casa Civil, aproximou-se ainda mais do presidente. Apoiou Mendonça
de Barros e Lara Resende em favor do BNDES, para reduzir participação
do Banco do Brasil no consórcio Telemar
José Pio Borges de Castro Filho
Engenheiro, 51, começou a vida profissional no BNDES (em 71),
de onde se afastou pela primeira vez em 84, alternando trabalhos
fora e dentro do banco. Ocupou a vice-presidência do BNDES, pela
segunda vez, em 95. Pediu demissão em novembro, mas ficou a pedido
do governo. Em janeiro, foi nomeado presidente do banco
Elena Landau
Economista, casada com Arida, foi consultora do PSDB. Ingressou
no governo em 93, como diretora de desestatização do BNDES. Saiu
em 96, indo para o banco norte-americano Bear Stearns, que tinha
interesses nas privatizações brasileiras. Depois uniu-se em parceria
com o Opportunity. Abriu neste ano uma empresa de consultoria
Ricardo Sérgio de Oliveira
Economista, era diretor das áreas internacional e comercial do Banco
do Brasil. Amigo de Luiz Carlos Mendonça de Barros, havia sido indicado
para o cargo em 95, por José Serra (atual ministro da Saúde) e Clóvis
Carvalho (Casa Civil). Teve influência na montagem de consórcios
que participaram com a Previ em privatizações
Pedro Malan
Ministro da Fazenda desde 95, foi presidente do Banco Central
(93-94) e negociador da dívida externa (91-94). Engenheiro e PhD
em economia, havia trabalhado antes no Ipea, no Banco Mundial e
na ONU. Interferiu para ajudar o BNDESPar a aumentar sua participação
acioária na Telemar, em detrimento de seguradoras do BB
Eduardo Modiano
Economista, era professor da PUC-RJ até ingressar na equipe econômica
do governo Collor, entre 90 e 92, como presidente do BNDES. Depois,
atuou no setor financeiro. Neste mês, deixou cargo no FonteCindam,
banco que assessorava fundos de pensão de estatais e que, em janeiro
passado, recebeu socorro do Banco Central
Daniel Dantas
Economista do grupo da PUC-RJ, controla o Opportunity, banco fundado
em 94. A instituição, que estocou títulos públicos antes do lançamento
do Plano Real, cresceu 144% desde sua criação, apostando na política
de juros altos praticada pela equipe econômica no primeiro mandato
de FHC. Também participou de leilões de privatização
Jair Antônio Bilachi
Funcionário de carreira do Banco do Brasil, tem 42 anos. Foi superintendente
do BB no Distrito Federal, antes de assumir a presidência da Previ,
em novembro de 1996. Depois do escândalo do grampo, voltou para
Brasília e continua no banco, onde havia entrado, por concurso,
aos 19 anos _mas hoje não ocupa cargo de comissão
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