Pesquisa
mostra que o desconhecimento sobre esse fator de risco para
o coração também é alto entre
os entrevistados com nível superior
Levantamento da Sociedade de Cardiologia do Estado de
São Paulo será divulgado hoje, Dia Nacional
de Combate ao Colesterol
Apenas 15% dos paulistas consideram as taxas de colesterol
como fator de risco para o coração, revela pesquisa
da Socesp (Sociedade de Cardiologia do Estado de São
Paulo), feita pelo Instituto Datafolha.
O levantamento será divulgado hoje, Dia Nacional de
Combate ao Colesterol. Foram entrevistadas 2.096 pessoas,
entre 14 e 70 anos, em 85 cidades que representam os 645 municípios
do Estado de São Paulo. Estima-se que 40 milhões
de brasileiros tenham colesterol alto, mas apenas 200 mil
estejam em tratamento.
A pesquisa mostrou que o desconhecimento também é
alto entre os entrevistados com nível superior. Somente
dois em cada dez apontaram o colesterol como um fator de risco
cardiovascular, embora 50% façam dosagem periódica
das taxas de gordura no sangue.
"Foi uma grande surpresa. Esperávamos que pelo
menos na população dita esclarecida o conhecimento
[sobre colesterol] fosse maior. Mas não é só
desconhecimento. As pessoas realmente subestimam o real impacto
do colesterol na saúde cardiovascular", afirma
o cardiologista Álvaro Avezum, coordenador da pesquisa.
Para ele, os médicos e as campanhas educativas não
estão conseguindo transmitir à população
a mensagem de que, reduzindo as taxas de colesterol ruim e
aumentando os índices do bom colesterol, conseguirá
prevenir eventos cardiovasculares. De acordo com Avezum, "50%
dos infartos estão associados ao colesterol alterado".
As doenças cardiovasculares matam 300 mil pessoas por
ano no Brasil.
Entre os jovens e os entrevistados das classes D e E, somente
8% se lembram do colesterol quando questionados sobre as possíveis
causas dos problemas cardiovasculares.
"Isso é grave porque é a parcela da população
que se alimenta de maneira pior", avalia o cardiologista
e presidente da Socesp, Ari Timerman.
A pesquisa revelou também que 88% dos entrevistados
não sabem indicar de forma espontânea o valor
do LDL (colesterol ruim) quando está alterado. O nível
desejado de colesterol LDL é menor do que 100 mg/dl.
Quase o mesmo percentual (89%) dos entrevistados não
sabem que existe HDL (colesterol bom).
Para os médicos, o caminho está no aperfeiçoamento
das campanhas educativas não só para o público
leigo mas também para os especialistas fora da área
de cardiologia, como os ginecologistas e clínicos-gerais.
"Precisamos fazer com que as informações
sobre as diretrizes atuais para o tratamento do colesterol
sejam mais bem capilarizadas", avalia Álvaro Avezum.
Timerman defende que a educação deve começar
na infância e avalia como bem-vindas iniciativas como
a da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária),
que pretende vetar propagandas infantis de produtos perigosos
à saúde. "A doença cardiovascular
não começa na idade avançada. Pode ser
que os depósitos de gordura nas artérias tenham
se iniciado na mais tenra idade."
Campanha
Hoje, a SBC (Sociedade Brasileira de Cardiologia) realizará
uma campanha em 24 Estados brasileiros com a distribuição
de uma cartilha explicando em linguagem bem simples o que
é colesterol e quais os riscos do colesterol elevado
levar o paciente a desenvolver aterosclerose, causando angina,
infarto, insuficiência vascular periférica e
derrame cerebral.
Em São Paulo, a campanha terá a participação
de nutricionistas, que vão orientar as pessoas sobre
como se alimentar de maneira saudável, reduzindo a
ingestão de carnes gordurosas e aumentando o consumo
de frutas, legumes e verduras, e palestras de cardiologistas
na rede pública de ensino.
Cláudia Collucci
Folha de S.Paulo
A cartilha está em
http://prevencao.cardiol.br/campanhas/colesterol/2008/material.asp
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