Para
59%, nível de desemprego no país vai crescer
- é o maior índice do governo Lula; em novembro,
44% tinham essa opinião
Desemprego já é
apontado, com a saúde, como o principal problema do
país para 23% dos entrevistados; em novembro, eram
18%
Com a crise financeira internacional, aumentou o número
de brasileiros que afirma que o desemprego vai crescer. E
o desemprego, assim como a saúde, já é
apontado como o principal problema do país.
Pesquisa do Datafolha realizada entre os dias 16 a 19 deste
mês mostra que 59% acreditam que o desemprego crescerá
nos próximos meses _maior índice do governo
Lula. Em novembro, o percentual era de 44%.
"Esse aumento (de 44% para 59%) revela a preocupação
dos brasileiros com os efeitos da crise financeira mundial
no mercado de trabalho", afirma Mauro Paulino, diretor-geral
do Datafolha.
O Brasil foi afetado pela crise mundial a partir do mês
de setembro, quando ocorreu a quebra do banco de investimentos
norte-americano Lehman Brothers. Com a desaceleração
da economia brasileira, a falta de crédito e o temor
de agravamento da crise, as empresas passaram a demitir. Entre
novembro e janeiro, o país perdeu 797,5 mil empregos
com carteira assinada, segundo o Ministério do Trabalho.
Maior problema
Na pesquisa do Datafolha, o desemprego é apontado espontaneamente
_ao lado da saúde_ como o principal problema do país.
Em novembro, a saúde era considerada a principal preocupação
para 25% dos entrevistados; e o desemprego, para 18%. No levantamento
encerrado ontem, esses percentuais passaram para 21% e 23%,
respectivamente.
Aumentou também o percentual de trabalhadores no país
que acreditam correr algum risco de perder o próprio
emprego. A maioria dos brasileiros, entretanto, ainda não
teme ser demitido.
Segundo a pesquisa, 65% dos brasileiros empregados (com ou
sem carteira) dizem achar que não correm risco de perder
o emprego. Em novembro, esse percentual era de 71%.
Já 22% julgam correr algum risco de ser demitido _ante
17% que acreditavam no mês de novembro estar nessa mesma
condição. E 8% dos brasileiros consideram correr
grande risco de demissão. Há quatro meses, esse
percentual era 7%. A margem de erro da pesquisa é de
dois pontos percentuais para mais ou para menos.
A avaliação do desempenho do governo Lula em
relação ao combate ao desemprego é considerada
regular por 42% dos entrevistados. Para 35%, é bom
ou ótimo. Outros 21% consideram ruim ou péssimo.
Crise x consumo
Diminuiu também a disposição dos brasileiros
de gastar nos próximos meses em razão da crise
econômica mundial. No levantamento anterior do Datafolha,
76% dos entrevistados afirmaram que não haviam desistido
de comprar algum produto ou bem por causa dos reflexos das
incertezas financeiras no país. Nesta última
pesquisa, o percentual passou para 65%.
"Continua chamando a atenção esse percentual
elevado. A crise não afetou a intenção
de consumo da maior parte dos brasileiros", diz Paulino.
Entre os 33% que desistiram de comprar algum produto ou bem,
7% declaram que deixaram de comprar automóveis; 4%
imóveis; 4%, móveis; 4%, vestuário (roupas
e calçados); 3%, motocicletas; 3%, eletrodomésticos
(geladeira e televisor); 2%, computadores; 2%, material de
construção. Em novembro eram 21% que haviam
desistido de consumir.
Para o levantamento, foram ouvidas pelo Datafolha 11.204 pessoas,
com idade acima de 16 anos, em 371 municípios.