Quando
o apagão de 2001 forçou milhões de brasileiros
a reduzir o consumo de energia elétrica, a professora
de Ciências Maria Lúcia Sanches Callegari, do
Colégio Santa Maria, em São Paulo, fez uma proposta
às 5ªs séries: construir um aquecedor solar.
Logo a idéia despertou o interesse de outras cinco
professoras. Todas se envolveram e, utilizando o horário
reservado para o trabalho coletivo, montaram um projeto conjunto,
que vem se repetindo anualmente. Para conciliar tantas disciplinas,
o planejamento é feito logo no início das aulas.
Dessa forma, os professores abordam conteúdos de seu
currículo de acordo com as etapas da construção
e da instalação do aquecedor.
A professora de Geografia trabalhou o clima brasileiro e
conceitos de orientação utilizando a bússola,
para que todos localizassem o norte, direção
para onde a placa do aquecedor deveria estar voltada ao ser
instalada sobre as casas. A de Matemática pediu uma
pesquisa sobre o consumo de energia dos eletrodomésticos
e explorou conceitos de proporção ao calcular
com a garotada o tamanho das placas solares de acordo com
o volume das caixas d’água.
Em História, foram resgatados os motivos econômicos
que causaram a degradação do meio ambiente brasileiro.
Nas aulas de Ciências, os estudantes pesquisaram as
fontes de energia no país e quais alternativas apresentam
menos impacto ambiental. Com a professora de Língua
Portuguesa, eles bolaram questionários para entrevistar
as famílias que receberiam o equipamento. O objetivo
das aulas de Ensino Religioso foi orientar os estudantes no
contato com a comunidade, para que eles compreendessem as
razões das diferenças entre a realidade deles
e a dos moradores de bairros carentes. "A idéia
de doar os aparelhos para a população foi das
próprias crianças", lembra a orientadora
da 5ª série Ivani Anauate Ghattas.
As avaliações também são formuladas
de maneira interdisciplinar. Em História, por exemplo,
os estudantes são desafiados a discorrer sobre o extrativismo
predatório ocorrido no Brasil Colônia. Além
disso, o objetivo é levá-los a associar os prejuízos
ao meio ambiente que hoje ameaçam a qualidade de vida,
conteúdos que, na teoria, fariam parte do programa
de Ciências. Além de confirmarem que a fórmula
tem sido vitoriosa no que se refere à aprendizagem
da turma, as seis professoras contabilizam ganhos pessoais.
"Temos aprendido sempre para colocar nosso conhecimento
a serviço dos estudantes", afirma Maria Lúcia.
Aquecedor Solar
Utilizando objetos de fácil acesso —
encontrados em lojas de materiais para construção
—, é possível montar um pequeno aquecedor
solar. Terminada a tarefa, você contará com um
excelente material didático para utilizar nas aulas
de Ciências e terá gasto, no máximo, 50
reais. "O objetivo do kit didático é mostrar
aos alunos a energia presente na irradiação
solar", afirma o professor Augustin T. Woelz, autor da
sugetão. Ele é responsável pela Sociedade
do Sol, entidade paulista sem fins lucrativos que trabalha
com a divulgação de conhecimentos científicos.
Depois de conhecer como funciona essa fonte de energia alternativa,
os estudantes poderão se transformar em divulgadores
da tecnologia na comunidade.
A principal justificativa para o projeto está no bolso.
Segundo Woelz, o consumo de energia elétrica é
reduzido em 40% com o uso do aquecedor solar doméstico,
porque o chuveiro pode ser desligado.
As informações são
da revista Nova Escola.
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