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18/07/2007

O pesadelo da aviação não acaba

 

Para quem achava que a crise aérea que se arrasta desde 2006 não poderia agravar-se, a inominável matança ocorrida ontem em Congonhas deu uma prova inquestionável de que o pior ano da aviação brasileira é um pesadelo longe de acabar.

Há culpados? Dificilmente um acidente aéreo tem "um" culpado, no sentido mais vulgar, de atribuição de dolo. A investigação pelas autoridades aeronáuticas é que dirá o que efetivamente aconteceu.

Mas, depois de amanhecer vendo a foto do avião da Pantanal derrapado na pista de Congonhas, cuja reforma deveria ter evitado tais ocorrências durante a chuva, e assistir no noticiário noturno a uma tragédia parecida no mesmo lugar, é lícito que qualquer um pergunte: são fatos relacionados?

A pista de Congonhas, como foi discutido à exaustão pela Aeronáutica e pela Infraero, oferece perigos para a operação de aviões grandes por ser curta e ter problemas de escoamento de água. Isso é sabido desde que os Boeings substituíram os lentos e graciosos Electras na ponte aérea, e o recente relatório em que se recomendavam as obras em Congonhas explicitava o risco.

O próprio brigadeiro Jorge Kersul (Cenipa), falando à CPI do Apagão Aéreo na Câmara, já dizia que os acidentes eram iminentes antes da obra. Ressaltando que não é possível a esta altura imputar à sua execução o acidente, a reforma terá de ser posta no foco dos questionamentos.

Independentemente disso, fica a constatação: Congonhas, como funciona hoje, tem de parar. Por culpa da ganância e da inexperiência operacional das empresas brasileiras, sua capacidade foi ultrapassada. Por motivos parecidos, descaso e outros razões talvez indizíveis por parte das autoridades federais, nada foi feito.

Nenhuma cidade do porte de São Paulo, no mundo todo, mantém um aeroporto com tal carga de operação no meio de sua mancha urbana. Todas diluíram o volume de tráfego em aeródromos secundários à sua volta. Por isso tudo, fechem Congonhas, desidratem seu funcionamento. Dados os interesses em questão, é muito difícil que isso aconteça. Mas é um imperativo.

O acidente se soma à inacreditável seqüência de eventos trágicos, que começou a rigor em setembro passado com o choque entre o Boeing da Gol e o Legacy da Excel Aire. No meio do caminho, caos nos aeroportos, motim de controladores, quase-colisões, a exposição da fragilidade de todo o sistema aéreo brasileiro. Apuração completamente inócua e repetitiva feita no Congresso não levou a lugar algum.

É impossível dissociar os fatos. Logicamente, isso não é uma declaração específica sobre o ocorrido ontem – fatores humanos, climáticos e, sim, a própria condição da pista serão elementos da apuração.

"Algum dia, um Airbus vai parar do outro lado da avenida." A frase me foi dita por um piloto há algum tempo, casualmente, comentando os problemas estruturais de Congonhas. Aviões são magníficas expressões do engenho humano e, por isso mesmo, frágeis. Um detalhe, uma derrapagem, basta para a consumação de uma tragédia. Não havia nada de casual no que o piloto dizia.

Igor Giselow
Folha de S.Paulo.

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