O tamanho
do desastre educacional aparece num pequeno teste
que fiz com duas garotas de 12 anos de uma escola paulistana
(Oswald de Andrade) – são duas alunas de rendimento
escolar médio, que não se destacam como as melhores
da classe. Sem aviso prévio, pedi que realizassem a
prova de leitura submetida aos estudantes da rede municipal
de São Paulo. Conseguiram ficar entre os 3% melhores
da oitava série. Note: elas vêm da sexta série.
Se fôssemos comparar os alunos da oitava série
da rede paulistana com os das demais capitais, eles estariam
em segundo lugar, quase empatados em primeiro. Se eu tivesse
de resumir o resultado desses testes, diria o seguinte: a
imensa maioria tem dificuldade de entender o que lê.
Mesmo os mais bem colocados. Está óbvio que,
diante dessa tragédia, serão necessárias
medidas ousadas e corajosas. Uma delas está, nesta
semana, em fase final de elaboração -- e, se
sair mesmo do papel, será um marco histórico.
A secretária estadual da Educação de
São Paulo, Maria Helena Guimarães, prepara-se
para anunciar o pagamento
de bônus aos servidores
das escolas, do faxineiro ao diretor, com base no desempenho
dos alunos. Vai comprar uma briga e tanto com os sindicatos
- é dúvida se, neste momento, terá o
apoio dos maiores interessados, os pais e os alunos.
Seria injusto culpar os professores de todas as mazelas do
ensino. Há muito a ser feito em infra-estrutura, cursos
de formação, material didático e até
mesmo em termos de cuidados com a saúde mental e física
dos estudantes. Premiar o mérito, entretanto, tem-se
mostrado em várias partes do mundo um dos recursos
para fazer avançar a educação pública.
Nenhuma organização, seja ela qual for, consegue
prosperar se os mais esforçados não forem reconhecidos.
Só os medíocres podem ser contrários
à premiação do talento.
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Coluna originalmente publicada na Folha Online,
editoria Pensata.
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