As ações educativas
desenvolvidas na Pinacoteca do Estado têm uma longa
tradição de qualidade, em épocas nas
quais seu pioneirismo ajudou a formar contingentes de público
freqüentador de museu ao mesmo tempo em que aqui se formavam
grandes profissionais em educação não-formal
que ora atuam em outras instituições de arte
e cultura.
Desta forma, a implantação da atual Área
de Ação Educativa, em 2002, partiu da responsabilidade
de reconstruir um pólo ativo de atividades educativas
capazes de potencializar a fruição e a compreensão
das obras pertencentes ao rico acervo desta instituição
a públicos cada vez mais amplos.
A partir de uma pesquisa preliminar que buscou reconhecer
o perfil do visitante freqüentador do museu, percebemos
as necessidades educativas para este público, mas principalmente
reconhecemos aqueles que não participam deste universo.
Assim, as prioridades da Área de Ação
Educativa da Pinacoteca estão voltadas para desenvolver
ações educativas a partir das obras do acervo,
promover a qualidade da experiência do público
no contato com as obras, garantir a ampla acessibilidade ao
museu, além de incluir e transformar em freqüentes,
públicos não habitualmente freqüentadores.
Esta série de desafios educativos, em consonância
à relevância do acervo a ser tratado, impulsionou
a organização de diferentes ações
que, embora formuladas como programas autônomos, atuam
em sinergia, trocando constantemente experiências sob
uma diretriz pedagógica comum.
Assim, os programas educativos atuam por meio de estímulos
capazes de estabelecer diálogos com os visitantes,
tendo como ponto de partida a percepção, interpretação
e compreensão dos mesmos sobre as obras enfocadas,
para a construção de significados possíveis
para estas obras.
Programas desenvolvidos:
. Visitas monitoradas
. Capacitação de professores
. Programa Educativo para públicos Especiais - PEPE
. Programa de Inclusão sociocultural - PISC
. Consciência funcional
Visitas Monitoradas
As visitas monitoradas buscam qualificar a fruição
das obras de arte do acervo da Pinacoteca para públicos
diferenciados. Para tanto, utilizamos um método investigativo
que estimula a participação dos visitantes.
Construindo percursos educativos a partir da exposição
de longa duração, que apresenta cerca de 1.200
obras do acervo da Pinacoteca, os educadores encontram-se
preparados para atender aos interesses dos visitantes, conjugando-os
aos potenciais educativos das obras discutidas nestes percursos.
Embora grande parte do atendimento esteja voltada ao público
escolar de diferentes níveis, os educadores responsáveis
por esta ação também atendem ao público
não escolar, como grupos de famílias e terceira
idade, por exemplo. Apresentamos abaixo algumas visitas monitoradas
bem como estratégias envolvidas neste processo.
Propostas poéticas
Atividades lúdico educativas que buscam concretizar,
tornando vivenciais, conteúdos do universo da arte
tratados de maneira perceptiva ou cognitiva durante a visita
ao acervo.
Materiais de apoio à visita
Materiais e instrumentos utilizados como complementos aos
conteúdos tratados durante a visita ao acervo, servindo
como meio de comparação ou ampliação
da percepção em relação às
obras.
Familiarte
Visita voltada a estimular o encontro e relação
de núcleos familiares, utilizando-se de jogos e atividades
lúdico-educativas, desenvolvidas a partir de obras
do acervo, para este fim.
Capacitação de professores
O interesse em potencializar a utilização
das obras de nosso acervo como recursos educativos em sala
de aula visando a construção do interesse pela
arte e cultura promove
diferentes ações, voltadas à capacitação
de professores, tanto para a exposição de obras
de nosso acervo, quanto para exposições temporárias.
Entre as capacitações o programa Bem-vindo,
professor!, realizado pelas Secretarias de Estado da Cultura
e da Educação – por meio da Pinacoteca
do Estado, da Fundação para o Desenvolvimento
da Educação (FDE) e da Coordenadoria de Normas
Pedagógicas (CENP), promove encontros de capacitação
para professores das áreas de Artes, Língua
Portuguesa, História e Coordenadores Pedagógicos
de escolas estaduais do Ensino Médio.
Em 2003 atendemos as Diretorias de Ensino SUL 1 e SUL 2, e
em 2004 a três Diretorias de Ensino da grande São
Paulo: Caieiras, Carapicuíba e São Bernardo
do Campo, atingindo um total de cerca de 900 professores e
recebendo 25.000 alunos em visitas monitoradas ao acervo.
O Bem-vindo, professor! é composto de ações
interligadas tais como Curso de capacitação
de 40 horas, divididos em cinco encontros, com 45 professores
por turma; programa integrado de visita museu-escola, responsável
pelo recebimento, no museu, em visita monitorada, dos alunos
dos professores em formação; orientação
de projetos interdisciplinares; materiais de apoio ao professor
e aos alunos, desenvolvidos como forma de aprofundar os conhecimentos
adquiridos no curso e nas visitas monitoradas; além
da promoção de um seminário para troca
de experiências, apresentando os projetos desenvolvidos
pelos professores a partir do curso de capacitação
e de seus resultados.
Encontros de capacitação
Com conteúdo voltado para a construção
do saber em arte e a utilização de imagens do
acervo da Pinacoteca como recursos educativos em sala de aula,
para professores da rede pública estadual de ensino
médio, tendo a construção de projetos
interdisciplinares como resultado final; os Encontros de Capacitação
acontecem no 5º andar da Estação Pinacoteca,
espaço totalmente adaptado para este fim.
Materiais de apoio
Para aproximar o conteúdo do século XIX dos
alunos do ensino médio do século XXI foi elaborado
o material De Olho na Pinacoteca, que trata de forma interpretativa
as imagens selecionadas do acervo da Pinacoteca, gerando uma
aproximação educativo-afetiva para com o aluno
visitante.
Programa Integrado de visita Museu-Escola
Uma das premissas do programa é garantir o recebimento
de 88 alunos de cada uma das escolas envolvidas em visitas
monitoradas por educadores ao acervo da Pinacoteca. Para propiciar
a vinda de alunos estudantes do período noturno, durante
um dia por semana o museu abre suas portas para este público
que muitas vezes tem esta como a única oportunidade
de acesso à cultura.
Programa Educativo Públicos Especiais
Este programa visa garantir a possibilidade de fruição
da arte para pessoas com necessidades especiais – sensoriais,
físicas ou mentais, por meio de estímulos multissensoriais
e lúdicos.
É fundamental compreender que a Pinacoteca, como museu
dedicado às artes visuais, pode e deve ter obras de
seu acervo acessíveis a outros sentidos elaborando
percursos sensoriais que permitam tanto o contato direto com
as obras originais como também produzindo recursos
de apoio multissensoriais baseados nas obras de arte originais.
Visitas orientadas
São realizadas visitas acompanhadas por educadores
especializados a partir da seleção de 40 obras
do acervo incluindo esculturas, objetos e pinturas, estabelecendo-se
percursos diferenciados para cada grupo.
Impressos
Para garantir a continuidade dos processos desencadeados pelas
visitas acessibilizadas ao acervo, foi elaborado um exclusivo
catálogo adaptado e impresso em tinta e Braille .Foram
selecionadas 20 imagens de pinturas do acervo com impressão
simultânea em tinta com linhas de contorno em relevo,
acompanhadas por textos redigidos em linguagem objetiva, contemplando
a vida e obra dos artistas, alem da descrição
das obras. Também foi elaborado um impresso para divulgação
do programa.
Recursos de apoio multissensoriais e lúdicos
Foram elaborados recursos de apoio como maquetes visuais e
táteis do edifício da Pinacoteca e seus arredores,
reproduções de obras bi e tridimensionais feitas
em resina acrílica e borracha texturizada além
de objetos e jogos tridimensionais baseados nas obras originais
selecionadas.
Cursos de capacitação
A amplitude e consistência do trabalho desenvolvido
por este programa possibilitaram o desenvolvimento de cursos
em ensino da arte na educação especial e inclusiva
para a capacitação de educadores e profissionais
das áreas de artes, museus e saúde, gerando
propostas de mediação inclusiva e elaboração
de recursos de apoio multissensoriais para diferentes perfis
de públicos com necessidades educacionais especiais.
Programa de Inclusão Sociocultural
Visa promover o acesso qualificado aos bens culturais
presentes no museu a uma parcela da população
desprovida tanto do contato com instituições
culturais, quanto de oportunidades educacionais. Busca, ainda,
contribuir para a formação de novos públicos
e atuar como catalisador de transformações sociais
qualitativas em esfera coletiva ou individual.
Estão envolvidas, nas ações desenvolvidas
para este programa, a ampliação do repertório
e as noções de pertencimento cultural dos participantes,
o desenvolvimento de sua percepção estética,
subsídio para suas criações e para o
fortalecimento de sua consciência crítica, a
promoção de oportunidades de diálogo
que estabeleçam a autoconfiança e a construção
de capacidades, compreendidas como aquisição
e manejo de conhecimentos e habilidades cognitivas, emocionais
ou vivenciais.
Este programa atua por meio de parcerias com instituições
públicas ou privadas que desenvolvem trabalhos socioeducativos,
promovendo atendimento a grupos com visitas modeladas segundo
cada demanda e perfil, com constante acompanhamento dos resultados
em busca dos objetivos particulares de cada parceria. Desta
forma, se constitui num verdadeiro laboratório de educação
em museus, demonstrando o potencial inclusivo gerado pelas
ações educativas não-formais.
Atendimento a Grupos
Por meio de parceria com instituições, são
elaborados e realizados atendimentos diferenciando os percursos
e atividades segundo a especificidade do grupo atendido. Desta
forma é possível acompanhar desde resultados
objetivos, como produtos para geração autônoma
de renda, ou subjetivos, como o fortalecimento do senso de
pertencimento cultural e da auto-estima.
Cursos Ação Inclusiva
Numa iniciativa pioneira, a parceria entre o IMPAES- Instituto
Minidi Pedroso de Arte e Educação Social - e
o PISC, promove o primeiro curso de capacitação
para profissionais em inclusão sociocultural. A iniciativa
parte da percepção de uma instrumentalização
mais densa para profissionais atuantes em instituições
com perfil socioinclusivo que, como nós, apostam na
arte como veículo potencial dessa inclusão.
Com 25 vagas, o primeiro curso de formação acontece
em abril de 2005 e tem como resultado final a proposta de
elaboração de um projeto por cada profissional
participante, com direito a acompanhamento de seu desenvolvimento
por um ano, pelos profissionais do PISC- Pinacoteca.
Consciência Funcional
Para estabelecer um diálogo constante com os funcionários
de diferentes instâncias do museu, a fim de ampliar
sua percepção acerca dos diferenciais do trabalho
em uma instituição cultural pública,
vem sendo desenvolvido o programa de consciência funcional.
Os encontros para troca de experiências, atividades
lúdico-educativas, somam-se aos informativos distribuídos
aos funcionários, além das visitas a exposições
do museu e de outras instituições, promovendo
o adensamento da noção do trabalho prestado
em instituições culturais.
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