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REFLEXÃO


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urbanidade
17/12/2003

Galpão da moda

Um galpão abandonado, escuro, sujo, de teto desabando e sustentado por paredes esburacadas entrou na moda e virou ponto de encontro de alguns dos melhores profissionais de moda da cidade.

Instalado num antigo estacionamento de ônibus, o galpão abriga um laboratório educativo da estilista Karlla Girotto, 26 anos, professora da Faap, que resolveu descobrir talentos. Ela entusiasmou a Coordenadoria da Juventude da prefeitura e obteve, sem custo, o espaço, agora adaptado para receber gratuitamente os alunos, preparando-os para o mercado.

Foram atraídos, neste ano, para a primeira turma 26 alunos, que, durante dois dias por semana, recebem aulas, a maioria delas práticas, e conversam com os profissionais da moda. "A riqueza do curso está nesse contato com os profissionais de ponta", afirma Karlla.

Já começam a aparecer as primeiras ofertas. A Ellus resolveu encomendar peças para o ateliê-escola, e dois alunos foram convidados para trabalhar na São Paulo Fashion Week.

No galpão, o emprego começa na vizinhança. Está estrategicamente localizado no Bom Retiro, bairro onde é produzido quase um terço das roupas feitas no país. Lugar certo e hora certa.

O bairro sonha em entrar na moda. Está em discussão, além das intervenções urbanas -reforma das calçadas e do visual das lojas, por exemplo-, a criação de uma universidade livre de moda.

A experiência do galpão encaixa-se nos planos dos comerciantes locais de criar um selo de qualidade Bom Retiro para ganhar mercados dentro e fora do país -o que depende de trabalhadores mais treinados e de uma imagem de sofisticação.

"Estamos aproveitando a vocação paulistana para a moda", afirma Karlla, que, desde a adolescência, ganhava dinheiro vendendo roupas de fabricação própria para suas amigas, depois entrou na Ellus e atualmente possui o seu próprio ateliê. Nessa trajetória, surgiu a inspiração para o projeto.

Ela acha que só chegou aonde chegou -da adolescente, filha de imigrantes nordestinos, costurando no quarto da filha, à empresária- porque conseguiu uma bolsa para estudar na Faculdade Santa Marcelina.




Coluna originalmente publicada no jornal Folha de S.Paulo, na editoria Cotidiano.

   
 
 
 

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