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Há um fato na cidade
de São Paulo ofuscado neste momento. Nos últimos
5 anos, a taxa de homicídios caiu extraordinários
60%
A CONSEQÜÊNCIA óbvia do terror provocado
pelos ataques do PCC (Primeiro Comando da Capital) é
o estímulo ainda maior da opinião pública
à violência policial. A não óbvia
é o aprofundamento da agenda social brasileira, com
um esforço de melhoria da aplicação dos
recursos públicos e maior envolvimento da sociedade
para reduzir a exclusão.
O PCC e seu líder Marcola esfregaram na cara de todos
o temor da ingovernabilidade das grandes cidades no geral
e das regiões metropolitanas em particular, onde vive
a elite política, econômica e cultural do país.
Se atraiu, de um lado, a ira nacional, estimulou, de outro,
a idéia, tão velha e batida, de que, com esse
nível de exclusão, os programas de segurança
serão sempre frágeis.
Os números apresentados durante a crise demonstraram
a dificuldade de implantar uma política de segurança
numa nação povoada de superlotados guetos urbanos,
sem perspectivas educacionais e profissionais.
Nunca se colocou tanta gente na cadeia como durante a gestão
do PSDB no Estado de São Paulo; os presídios
estão empanturrados.
São hoje 140 mil presos, o que aumenta o reinado de
organizações tipo PCC. Até que ponto
se conseguirá bancar a expansão de cadeias?
Não se está aqui dizendo para deixar de melhorar
a repressão à espera da redenção
ou desdenhar a importância do crescimento econômico
na geração de empregos.
O que se coloca é que só prender não
é economicamente sustentável e que, para determinado
grupo de excluídos de baixíssima escolaridade,
o crescimento não garante empregos. Cresce, naturalmente,
a demanda por programas mais eficientes de prevenção
à delinqüência.
Há um fato notável no município de São
Paulo, ofuscado, neste momento, pelo morticínio. Nos
últimos cinco anos, a taxa de homicídio na cidade
despencou 60%.
Isso se deve, em parte, ao policiamento comunitário
combinado com a habilidade de líderes de bairros e
favelas em combater a violência pela palavra, fazendo
articulações com os templos, escolas, empresas
e ONGs.
É o que se chama de capital social. O Jardim Ângela
saiu -e agora está bem longe- da condição
de área mais violenta do mundo, segundo a ONU. Assim
como Diadema saiu e também está bem longe do
primeiro lugar da lista de cidades mais violentas do Estado.
Tais obras de engenharia comunitária, microscópicas
do ponto de vista nacional, são uma lente que amplifica
alternativas, por articularem, com um mínimo de eficiência,
os mais variados projetos e políticas públicas
com foco na criança, no adolescente e na família.
Na agenda que vai emergindo para ampliação de
capital social, pensar grande é pensar pequeno. Isso
significa difundir e implementar soluções locais,
formando uma malha de proteção nas regiões
metropolitanas, nascendo nos bairros.
É inexorável que, nesta engenharia, a escola
mantenha mais tempo os alunos em seus recintos, seja nas salas
de aulas, seja em atividades esportivas e culturais. Podem
apostar que a bandeira da escola em tempo integral ficará
no topo dos temas nacionais; mais tempo de estudo significa
menos tempo na rua. Também vai crescer o prestígio
de idéias como a da cidade educadora, que implica criar
redes de cultura, saúde, lazer e aprendizado, conectadas
às e Já se expande a consciência da importância
das creches e da pré-escola, como passo relevante,
entre os mais pobres, para prevenir a marginalidade.
Finalmente, as empresas e indivíduos, que fazem trabalhos
sociais, se sentirão mais estimulados a ampliar e dar
eficiência às suas ações -e quem
não faz será mais impelido a fazer alguma coisa.
Não é uma questão de bondade -se fosse
isso, este colunista seria um arrematado ingênuo. É
uma questão de sobrevivência, de falta de alternativa.
A resposta, portanto, ao título desta coluna é
positiva.
P.S.: Já está mais do que na hora de ampliar
(e muito) o acesso às adolescentes mais pobres a métodos
contraceptivos, articulando as escolas com os centros de saúde.
Isso porque uma, entre tantas razões da marginalidade,
é a gravidez precoce. Um filho indesejado, malcuidado,
é um candidato em potencial à delinqüência.
Sabemos que não é apenas distribuindo pílulas
que se faz planejamento familiar, mas também trabalhando
perspectiva de vida e auto-estima.
Coluna originalmente publicada na
Folha de S.Paulo, na editoria Cotidiano.
experiências positivas
na cidade na redução da violência
Experiência
paulistana chama a atenção internacional
Jardim
Ângela vira modelo para São Paulo
Baixa
da violência no Jardim Ângela chama a atenção da ONU
Experiências
na cidade de São Paulo que contribuem para a redução
de homicídios
Polícia
reduz roubo e furto no Centro
Base
da PM tornam-se pontos de referência ao cidadão
Intervenção
do poder público e articulação comunitária reduzem em 72%
o número de seqüestros na cidade
Taxa
de Homicídios na Favela de Paraisópolis cai
38%
Avenida Paulista está mais segura que em 2004
Queda
de Homicídio em Cidade Tiradentes é de 69%
Combate
à violência leva São Paulo a rota de estudo
Mundial
Lula
na Cidade do Sol
Centro
mais moderno e seguro
Promover
qualidade de vida é objetivo do Programa Einstein na
Comunidade de Paraisópolis
São
Paulo: cidade esportiva 24 horas
O "mensalão"
e o milagre do Jardim Ângela
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