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REFLEXÃO


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urbanidade
24/11/2004
Projeto Luísa

Às 5h da manhã, no dia 18 de maio de 1993, nasceu Luísa com paralisia cerebral. Esse drama fez com que sua mãe, a publicitária carioca Cristiana Soares Ramos, aprendesse a gostar de São Paulo. "Essa cidade era para mim a reprodução terrena do inferno."

Cristiana tinha prazeres alternativos. Natural que São Paulo não fizesse nem remotamente parte de seus planos. Grávida, estava satisfeita por deixar o Rio e mudar-se para Londrina, uma cidade mais tranqüila, no Paraná, para educar uma criança longe das neuroses de uma metrópole. Enquanto esperava por Luísa, fazia diariamente caminhadas e praticava ioga. Só ingeria alimentos naturais. Não fumava, nem bebia.

Logo constataria que o tratamento da filha exigiria cidades mais equipadas. Para manter a qualidade de vida, tentou Curitiba e, depois, Florianópolis. Não deu certo. Descobriu que sua saída estava em Birmingham, na Inglaterra, onde desenvolvem uma terapia inovadora para crianças com paralisia cerebral. "Decidi ir embora." Sem dinheiro, criou um site (www.projetoluisa.org) para que pudesse deixar o país.

O site não trouxe dinheiro, mas abriu uma série de contatos. Cristiana foi convidada, em julho passado, a conhecer em São Paulo um tratamento desenvolvido pela Apac ( Associação de Pais e Amigos com Criança com Deficiência Neuromotora).

O tratamento é inspirado na experiência inglesa. Impressionou-se com a experiência e voltou a Florianópolis com um novo projeto: morar em São Paulo enquanto não conseguisse se sustentar na Inglaterra.

Inesperadamente, viu-se envolvida numa rede de apoios. Luísa, agora com 11 anos, entrou numa escola municipal (Olavo Pezotti), onde é acompanhada por uma especialista em paralisia cerebral, seguidora do método testado com sucesso em Birmingham. Sem contar que aqui Cristiana tem mais oportunidade de dinheiro com propaganda.

Ela ainda não sabe se vai conseguir ir para a Inglaterra. Já sabe que, se não conseguir, ficará em São Paulo. "A natureza pode ser maravilhosa. Mas aprendi que a melhor cidade é aquela que oferece mais possibilidades. Isso é qualidade de vida."

 

Coluna originalmente publicada na Folha de S. Paulo, na editoria Cotidiano.

   
 
 
 

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