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ares do interior
08/07/2004
Favela de SP ganhará Coreto Comunitário

Vanessa Sayuri Nakasato

A praça da favela Jardim Edith pode ganhar, nos próximos meses, um quê de cidade interiorana. Moradores e empresários da região querem construir um coreto no local com o objetivo de transformá-lo em um espaço permanente de recreação e entretenimento para a comunidade.

A novidade faz parte do Coreto Comunitário, um projeto que tem o intuito de resgatar a velha tradição brasileira de utilizar praças públicas para festas, encontros e, até mesmo, aulas ao ar livre. “Queremos que o coreto seja um lugar amistoso, onde as pessoas possam aprender, se divertir e, de quebra, aproveitar melhor o espaço público”, explica a psicóloga Maria Augusta Pereira, idealizadora do projeto.

Embora a intenção seja reunir pessoas, Maria Augusta ressalta que as atividades do Coreto Comunitário variarão conforme o perfil bairro. Na Vila Olímpia, por exemplo, bairro de classe média alta, o coreto poderia servir de palco para apresentações musicais. No caso da favela Jardim Edith, o coreto que será construído em seu “quintal” terá como principal meta ser um ambiente educativo.

A favela será o projeto piloto do Coreto Comunitário. Ela foi escolhida por estar localizada na avenida Jornalista Roberto Marinho (antiga Águas Espraiadas), na zona sul de São Paulo. Ou seja, um lugar cercado por bairros de classe média alta e ricas empresas, como a Rede Globo, hotel Hilton e Nestlé.

“O brasileiro tem o hábito de jogar embaixo do capacho tudo aquilo que o incomoda e que não quer ver. Ano após ano, a favela Jardim Edith passa pelo mesmo dilema do ‘sai ou não sai’. Todo prefeito que entra é pressionado pela elite para exterminá-la.”

Na opinião da psicóloga, a possível solução para essa novela é tentar melhorar o lugar e a postura de seus moradores, e não se livrar de ninguém. “Não adianta fugir de uma realidade que existe e é nossa. Temos que trabalhar com ela.”

Idéias para transformar o coreto em um centro de oficinas culturais e artesanais é o que não faltam. Apesar de não ter sido iniciado ainda, o projeto já tem nove programas catalogados: Inglês na Praça, Espaço da Arte, Esportes Lúdicos, Teatro na Praça, Alimento 10!, Encontro de Jovens, Leitura na Praça, Terceira Idade e Inventando Moda.

“São cursos que não só ensinarão pessoas de todas as idades a ter uma boa educação alimentar, criar roupas, a falar outro idioma. Possibilitarão auto-sustentabilidade e ajudarão aos jovens, em especial, a descobrirem seus potenciais.”

Para ministrar as aulas, o Coreto Comunitário pretende envolver moradores da comunidade, voluntários e universitários. “Acredito que a participação dos estudantes seja de extrema importância. Além de se aperfeiçoarem e ensinarem o que sabem, terão vivência social e comunitária. Dessa forma, sairão de dentro de quatro paredes para ver o Brasil como ele é e, quem sabe, se tornem cidadãos mais justos, mais humanos.”

Para o ex-pedreiro Gerôncio Henrique Neto, um dos líderes comunitários da favela, o coreto será um meio de tirar as crianças da rua, de incentivar o jovem a não desistir de procurar um emprego e de estudar. “A comunidade está bastante animada com o projeto. E se a praça ficar do jeito que está no papel, ela será a mais bonita do Brooklin.”

Conforme Maria Augusta, as obras do coreto só não foram iniciadas por insegurança dos empresários em investir em um local que pode ser evacuado a qualquer momento. “Conversei com diversas empresas, informalmente. Todas elas gostaram e disseram que apoiariam o projeto. O problema é o ponto de interrogação.”

Promessa
O vereador Nabil Bonduki assegura que os moradores da favela não serão deslocados. Segundo ele, a permanência dessas pessoas foi aprovada no último dia 2, no Plano Diretor Regional. “Talvez parte da população tenha de sair quando começarem as obras de habitação, mas será atendida na região”, disse. Hoje, cerca de 600 famílias moram na favela Jardim Edith. Aproximadamente 250 delas estão lá, no mínimo, há 10 anos.

 
 
 

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