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19/10/2004

Hortas comunitárias melhoram qualidade da alimentação nos centros urbanos

Eliminar terrenos baldios em áreas urbanas – que muitas vezes são utilizados como depósitos de entulho e se transformam em focos de doenças como a dengue –, produzir hortaliças para o consumo de escolas e famílias de baixa renda, melhorar a qualidade da alimentação destas pessoas com redução de gastos e ocupar cidadãos desempregados que moram nos centros urbanos. Estas são as vantagens da implantação de hortas comunitárias na cidade.

Uma horta cuidada por uma única família é chamada horta doméstica. A diferença da horta comunitária é que esta é mantida por um grupo de pessoas da mesma comunidade. Este modelo de cultivo de verduras e legumes, também conhecido como horta coletiva, tem ajudado no combate à fome e na ocupação das pessoas, por meio do exercício da cidadania.

Em geral, as hortas comunitárias são instaladas em lotes vagos e sua produção abastece famílias que moram perto destes terrenos. São cultivados alface, tomate, rúcula, couve, espinafre, repolho, alho, rabanete, beterraba e cenoura, entre outras verduras e legumes. Na maioria dos casos, a produção é feita a partir dos princípios de agricultura orgânica, ou seja, sem os inseticidas e fungicidas tradicionais, o que garante mais qualidade ao que é produzido.

Conhecimentos populares sobre ervas medicinais também fazem a diferença na hora de a comunidade escolher o que vai plantar. Em algumas hortas são incluídos itens como a sálvia, por exemplo, que é uma planta usada para baixar a febre, ou o boldo, utilizado no combate a problemas no fígado.

Com o tempo, as hortas recebem a participação de toda a comunidade. Mesmo daqueles que não se beneficiam diretamente da produção. Muitas vezes, os vizinhos doam sementes para novos plantios e água para os produtores regarem o terreno cultivado.

Apoio
Entre suas ações de apoio às comunidades carentes e inserção social, a Fundação Banco do Brasil – FBB tem o Projeto Hortas, com diretrizes alinhadas ao programa Fome Zero, do governo federal. Cada horta comunitária apoiada pela FBB atende, diretamente, a cerca de 150 famílias de baixa renda que vivem em situação de exclusão social e são selecionadas por instituições parceiras. Os beneficiários recebem informações sobre o cultivo, além de ferramentas, sementes e insumos.

Em um convênio com a Companhia de Armazéns e Silos do Estado de Minas Gerais – Casemg, por exemplo, foram implantadas hortas comunitárias em Uberaba (MG), em fevereiro deste ano. São duas estufas e um espaço para a difusão de técnicas de hidroponia (agricultura baseada na produção em meio aquoso).

Batizada como Projeto Estufas, a iniciativa beneficia 110 famílias e tem também como parceiros a Prefeitura de Uberaba, a Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural – Emater e a Fundação Educacional para o Desenvolvimento das Ciências Agrárias – Fundagri, que garantem preparação do solo, assistência técnica e mão-de-obra para manutenção do programa.

No final de 2003, cinco hortas foram plantadas em lotes da cidade de Ribeirão das Neves, na região metropolitana de Belo Horizonte (MG). O investimento foi de R$ 12,5 mil e, menos de um ano depois, os impactos já podem ser notados: além de alimentos para as famílias carentes da região, a ação integra os moradores e diminui a violência.

"A partir do momento em que se dedicaram às hortas, as pessoas passaram a ter menos tempo livre, que propiciava ações violentas, passaram a ser mais preocupadas com a comunidade, porque a horta é uma ação coletivizada", afirma Éder Melo, coordenador do núcleo Fome Zero da Gerência de Logística do Banco do Brasil de Minas Gerais.

Em Goiânia (GO), o projeto Horta Escolar Comunitária, também desenvolvido pela FBB, em parceria com a Secretaria Municipal de Educação, vai aproveitar espaços ociosos nas próprias escolas municipais para formar hortas, complementar a merenda escolar e beneficiar famílias de baixa renda.

O Horta Escolar ainda visa a contribuir com a educação ambiental e com a interação dos alunos, que se tornarão disseminadores de práticas sustentáveis e de baixo custo. Ao longo de cinco anos, serão investidos R$ 176 mil para implementar 24 hortas escolares na cidade e beneficiar cerca de 750 famílias de baixa renda e 9,8 mil estudantes da rede municipal.

Até o final deste ano, a Fundação Banco do Brasil terá implantado mais de 30 novos projetos de hortas comunitárias Serão investidos R$ 620 mil, provenientes de um convênio firmado com Ministério de Desenvolvimento Social e Combate à Fome.

Ciclo virtuoso
O custo médio por horta, durante um ano, é de R$ 550 reais. Para as administrações municipais, muitas vezes é mais vantajoso investir nas hortas do que manter os terrenos limpos e oferecer empregos para todos os que trabalham na produção de verduras e legumes, vendidos, em geral, para a própria prefeitura, que os utiliza na merenda escolar.

Pela experiência de Éder Melo, a renda média gerada por família que participa das hortas comunitárias é de R$ 400 a R$ 500. Ele conta que há vários modelos de ação que podem ser implementados. "Há a horta para o autoconsumo, em que a comunidade planta em mutirão e só se comercializa o excedente. Neste modelo, uma ou duas pessoas são fixas, recebendo salários. Há outras em que o foco é a geração de renda e as famílias recebem pelo que cada uma produz. Algumas são fundamentalmente para a geração de emprego e são criadas normalmente por instituições de apoio à inclusão social ou administração pública", explica.

De qualquer forma, assegura Melo, o resultado é a percepção, pelos cidadãos envolvidos, da importância do associativismo. "As pessoas percebem que, organizadas, podem mudar sua situação de exclusão. Além de embelezarem o local onde moram e passarem a ter alimentação de melhor qualidade", analisa.

Em grande parte das hortas comunitárias que destinam sua produção para escolas, durante as férias escolares a comercialização é garantida, com os produtos sendo entregues em hospitais e creches da cidade. Isso mantém os que trabalham nas hortas ocupados todos os meses do ano e leva alimentos de boa qualidade também para outros públicos, além dos estudantes.

No caso de hortas que não vendem seus produtos para os órgãos públicos, existe também a opção de comercialização direta para o consumidor. É importante que parte de cada safra seja destinada à venda para que a comunidade possa adquirir novas sementes e insumos, assim garantindo a sustentabilidade dos projetos.

 

SANDRA FLOSI
da Fundação Banco do Brasil

 
 
 

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