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em prol da solidariedade
30/11/2004

Internautas formam uma rede mundial de emergências

A Internet é muitas vezes criticada por isolar as pessoas, fazer com que elas tenham acesso a tudo sem precisar do contato humano e nem sequer sair de casa. Os Internautas Sem Fronteiras vieram para provar o contrário: as relações humanas deixam de ter os limites das barreiras geográficas por meio deste veículo de comunicação.

O argentino, radicado na França, onde mora desde 1997, Georges Godoy, está à frente deste trabalho que tem como objetivo incentivar a relação de solidariedade por meio da Internet. Os Internautas Sem Fronteiras se comunicam por meio da Internet para auxiliarem pessoas a conseguirem remédios ou órgãos para transplante, por exemplo.

Quem tiver alguma necessidade ou disposição para ajudar, tendo mais do que 18 anos, pode entrar no site www.internautessansfrontieres.org e se cadastrar para ser ajudado ou ajudar. Não há cobrança nem remuneração pelas ações.

De família de imigrantes, Georges, hoje com 44 anos, foi acostumado desde criança a não se intimidar pelas fronteiras. Com dupla nacionalidade, o franco-argentino freqüenta diversos países e idiomas sem se deixar intimidar: já deu quatro voltas ao mundo e fala sete idiomas.

Cidadania-e: Qual sua profissão?
Georges Godoy:
Tenho várias profissões. Comecei como técnico em comunicações e recebi a licença internacional de Operador de Radiocomunicações, da União Internacional de Telecomunicações (UIT). Fui Radiooperador da marinha mercante durante 20 anos. Mas sempre gostei muito de medicina e, quando podia, fazia cursos para me manter em contato com esta minha paixão natural. No entanto, nunca tive a oportunidade de ser médico. E, apesar de ser argentino, tenho muito orgulho de ser Socorrista da Cruz Vermelha Brasileira. Também fiz cursos de Paramédico que me permitiram obter o título de chefe de paramédicos em UNIKOM (Missão de Observação das Nações Unidas em Iraque-Kuait, na sigla em inglês). Tenho especialidade em emergências médicas, resgates em helicópteros, pronto-socorro e zonas de conflito.

Cidadania-e: Quando foram criados os Internautas Sem Fronteiras e o que os motivou?
Georges Godoy: Foi criado em 15 de abril de 2004, a partir da necessidade global de unir a todos os seres humanos de boa vontade do mundo, o que é possibilitado pela Internet.

Cidadania-e: Qual é o objetivo?
Georges Godoy:
O objetivo deste, que não é um grupo, mas toda a humanidade, é conectar todos que têm o mesmo pensamento e criar uma “bolsa de problemas e soluções”. Sempre encontramos pessoas que dizem “Isso é uma injustiça” para diversos fatos da vida. E o pior é que normalmente é mesmo Não podemos suportar mais que, havendo tecnologia e dinheiro para se mandar foguetes ao espaço e, havendo tecnologia para curar doenças, ainda haja gente morrendo porque é pobre. Queremos que todo mundo tenha direito aos mesmos tratamentos, ao mesmo respeito. E isso é possível.

Cidadania-e: Como vai funcionar esta “bolsa de problemas e soluções”?
Georges Godoy:
É uma rede mundial de emergências, onde todos seremos responsáveis. Não os países, mas os civis, cada cidadão. Vamos fazer com que cada ser humano seja responsável pela morte ou vida daqueles do outro lado do mundo. Um cidadão do Brasil vai poder ficar feliz porque um cidadão das Filipinas viveu graças a um medicamento que ele enviou.

Cidadania-e: O que falta para se conseguir que todos tenham direito aos mesmos tratamentos?
Georges Godoy:
Só falta um pouco de boa vontade e união. Ainda que pareça utópico O que falta para a humanidade é confiança em si mesma. Falta união. E isso é o que pretende o Internautas Sem Fronteiras.

Cidadania-e: Os Internautas Sem Fronteiras são financiados por algum grupo?
Georges Godoy:
Não temos ainda nenhum apoio econômico. Eu, como presidente, e nossa tesoureira estamos pagando os servidores da Internet. Não sabemos por quanto tempo mais poderemos suportar isso, uma vez que as contas estão se acumulando, temos gastos com telefone, luz e outros. Seguiremos fazendo enquanto pudermos.

Cidadania-e: Como tem sido a participação de brasileiros?
Georges Godoy:
Os Internautas Sem Fronteiras não têm ainda muito eco no Brasil, talvez ainda pela pouca força de nossos meios de divulgação. Deve-se considerar que a publicidade exige dinheiro e nós não o temos. Mas temos confiança que ainda vamos conseguir ter eco no Brasil e inserir uma consciência humana na Internet brasileira, a fim de concretizar nossos objetivos, que são os objetivos de todos.

Cidadania-e: O site dos Internautas Sem Fronteiras pode ser lido em espanhol, francês e inglês. Já há planos para tê-lo em outros idiomas, como o português?
Georges Godoy: Precisamos de alguém que nos ofereça a tradução e então teremos o site em português imediatamente. Ao mesmo tempo, solicitamos àqueles que queiram traduzir o site em qualquer idioma que entrem em contato e nos enviem sua colaboração.

Cidadania-e: Os Internautas Sem Fronteiras ajudam somente ao próprio grupo ou a outros também?
Georges Godoy:
Prestamos auxílio a todos que necessitem. O único requisito é inscrever-se no site e ter mais de 18 anos. Após inscrever-se, a pessoa passa uma mensagem, que é retransmitida a todos. A inscrição e todos os serviços que prestamos são gratuitos e as informações são controladas apenas a fim de se evitar problemas legais. Mas nada do que se passa em nossa rede é divulgado. Tudo é mantido em sigilo, para proteger a identidade dos membros e seus familiares.

Cidadania-e: Quais os programas e ferramentas de comunicação utilizados pelo grupo?
Georges Godoy:
Basicamente, usamos o IRC – Internet Relay Chat (Conversa Retransmitida Pela Internet) – e trocas de e-mails [o IRC é uma ferramenta para comunicação escrita em tempo real, que permite a reunião virtual de várias pessoas]. E apesar do MIRC [um software proprietário que permite a entrada na rede IRC] ser o mais comum, há vários outros softwares livres para isso, que podem ser utilizados sem pagamento. A rede [Internet] nasceu livre e deseja que todos sejam livres.

 

SANDRA FLOSI
da Fundação Banco do Brasil

 
 
 

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