democracia
13/08/2007

Após um ano, Rádio Heliópolis volta ao ar

Heitor Augusto

Desde o sábado, 11, os moradores de Heliópolis, maior favela de São Paulo, puderam ouvir novamente o bordão “Rádio Heliópolis, a sua rádio verdadeiramente comunitária”. Com uma licença que a permite operar em caráter experimental, a emissora voltou a transmitir, em nova freqüência, 87,7 FM.

A rádio foi fechada em 20 de julho do ano passado pela Polícia Federal, que cumpriu mandato de busca e apreensão, acompanhada pela Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações). Criou-se um problema político: "como uma rádio com status de Ponto de Cultura, concedido pelo governo federal devido ao trabalho com a comunidade, é impedida de transmitir por ser considerada ilegal pelo Ministério das Comunicações?"

A brecha, proposta pela Anatel dois dias após o fechamento, foi encontrar uma universidade para entrar como parceira e a rádio passaria a operar em “caráter experimental para fins científicos”. A Universidade Metodista topou a empreitada.

Há mais de oito anos a Heliópolis tenta conseguir a outorga do Ministério das Comunicações para operar como rádio comunitária. Após anos de pressão de associações de radiodifusão, o Ministério das Comunicações publicou no início deste ano Aviso de Habilitação para a cidade de São Paulo – uma espécie de chamamento para que as emissoras enviem a documentação solicitando regularização. Os processos estão em fase de análise.

15 anos de história
Desde 1992 a emissora marca presença na comunidade. O início foi bem mais humilde. “A rádio nasceu da luta dos moradores por moradia no final dos anos 80. A comunidade estava passando por um período de mutirão, precisava chamar esse povo para as reuniões”, conta Geronimo Barbosa, o Gerô, coordenador da emissora. A favela de Heliópolis é resultado de uma ação da prefeitura que no início dos anos 70 transferiu, provisoriamente, 60 famílias de bairros vizinhos. Em 2006, contabilizava-se quase 120 mil habitantes.

Hoje, 15 anos depois de fazer a transição de rádio poste para as ondas de Freqüência Modular (FM), a rádio mantém o mesmo foco do início: cidadania; direitos e deveres; informação. A equipe que fazia as transmissões antes do fechamento recebeu o reforço de mais 12 jovens que participam da oficina de rádio do projeto Vaia, em parceria com a Prefeitura. “A gente está incorporando na programação, aos poucos, os novatos”, explica Claudinha Neves, locutora e líder das oficinas.

Claudinha participou dos dois momentos mais marcantes da história da Heliópolis no último ano: fechamento e reabertura dá rádio. Em julho de 2006, aos prantos, argumentou com os agentes da PF: “Somos rádio comunitária, não pirata!” No sábado, só houve espaços para lágrimas de alegria. “Foi emocionante voltar a transmitir”, garante.

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