urbanismo
25/07/2007

Viaduto cultural, teatro, universidade livre e shopping. Qual desses SP irá ganhar?

Erika Vieira


O espaço cinza e ocioso debaixo do Viaduto Júlio de Mesquita Filho, no bairro do Bexiga, pode ganhar um caráter todo cultural, caso saia do papel o projeto de criação do shopping que abraçará um grande teatro na rua Jaceguai, bem em frente ao viaduto.

A idéia é dos arquitetos Marcelo Ferraz, Marcelo Suzuki e Francisco Fanucci, que, inspirados em viadutos de outras cidades, como Paris, Londres, Berlim, Nova York e Buenos Aires, criaram espaços destinados ao acervo Adoniran Barbosa (o “sambista da garoa”) e uma biblioteca pública, bem como um área para equipamentos esportivos de lazer e convivência, bares e restaurantes. Tudo isso para funcionar debaixo do viaduto que atualmente é uma área degradada, uma espécie de “cicatriz urbana” decorrente da ponte de concreto.

A construção do shopping junto com o novo teatro será feita no terreno – propriedade do Grupo Silvio Santos, responsável pela encomenda do projeto - ao lado do Teatro Oficina. José Celso Martinez Corrêa, presidente da Associação Teatro Oficina, também compartilha da idéia de transformar o viaduto em pólo de cultura, porém acredita que a região do Bexiga pode ganhar bem mais que isso. Para ele, o potencial artístico do bairro deve ser usado de forma educativa para que contemple a comunidade do entorno, que em grande maioria são pessoas de baixa renda. “Precisamos fortalecer esse povo economicamente, mas para isso tem que ser primeiro educacionalmente.”

Desde 2002, o Oficina já é usado para disseminar educação. O programa Bexigão permite que crianças e adolescentes do bairro se apropriem do espaço do teatro para participar de oficinas de dramaturgia, teatro, circo, fotografia, capoeira, percussão, canto, vídeo e yoga. Mas, o grande ideal é criar a Universidade Popular Livre Antropofágica para funcionar dentro de um grande teatro estádio. “Uma universidade para a população local de pobres, negros, o pessoal da Vai-Vai, todo mundo que vive ali”, fala José Celso.

O projeto do Grupo Silvio Santos também engloba um teatro estádio. Inicialmente foi proposto pelo próprio José Celso, mas hoje diverge do projeto oficial por considerar que um verdadeiro teatro estádio tem que abrigar cerca de 5.000 na platéia e não apenas 2.000 pessoas.

Veja:
Projeto do viaduto em movimento


O projeto oficial
O projeto completo abrange a construção de um teatro cercado por uma redoma verde, cheia de plantas, que será abraçado pelo shopping composto por galerias abertas, no estilo da Galeria do Rock, na avenida São João, e do Conjunto Nacional, na Avenida Paulista. “Nada de muros e labirintos de luz artificial, sufocantes espaços de negação da cidade”, explica Ferraz, que opta por espaços que mantêm uma relação viva e saudável com seu entorno.

A maior parte do terreno será ocupada pelo teatro, 40x40 metros e 20 metros de altura, em formato de bloco e coroado com uma flor de aço. Quando a flor se abre, uma janela de 20 metros de diâmetro aparece, fazendo com que a luz solar tome conta de todo o interior. Terá capacidade para 2.000 pessoas.

Os arquitetos foram procurados pelo Grupo Silvo Santos, que encomendou todo o projeto.“Foi uma grande oportunidade para sair da mesmice dos projetos de shopping centers que se alastram por nossas cidades. Mais ainda, vi ali uma oportunidade de propor algo que pudesse reabilitar e requalificar todo o espaço público de uma região tão sofrida e maltratada, como o bairro do Bexiga”, declara Ferraz.


Veja:

Projeto do shopping e do teatro em movimento

O impasse
O Teatro Oficina entrou na justiça contra a construção do projeto do Grupo Silvio Santos. O desacordo está no núcleo que irá gerenciar o teatro estádio. “Admitimos viver com o shopping, desde que o teatro seja gerido por pessoas do teatro para ser voltado para a multidão. Queremos fazer uma ponte entre cultura, educação e ecologia”, fala José Celso Martinez Corrêa.

Ele conta que fizeram uma pesquisa com a comunidade local para saber se a preferência era por shopping ou universidade. A opção vencedora foi a educação. “Todo mundo quer apreender”, diz. Enquanto seguir o processo, nenhuma das propostas será concretizada e a área continuará degradada.

   
 
   
 

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