REFLEXÃO

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RADAR DO MUNDO
31/08/2007

Jogos Parapan-Americanos põem deficientes em evidência

  Patrícia Saad

É inegável que pessoas com deficiências, sejam físicas ou mentais, sofram preconceito, mesmo na nossa sociedade moderna que se diz tão conscientizada socialmente. De acordo com o IBGE, existem mais de 35 milhões de pessoas com algum tipo de deficiência em todo o país. Apesar de um número consideravelmente grande, essas são vistas muitas vezes como “coitadinhas” que ficam à mercê das outras, contanto com sua ajuda e boa vontade. Porém, sabemos que a realidade não é bem assim: pessoas com deficiência são e devem ser tratadas como qualquer outra, sendo aceitas na sociedade e no mercado de trabalho.

O reconhecimento do esforço e capacidade de mais de 1.300 deficientes foi mostrado nos Jogos Parapan-Americanos, evento realizado de 12 a 19 de agosto no Rio de Janeiro, após os Jogos Pan-Americanos. É a primeira vez na história em que as duas competições foram disputadas consecutivamente, sediadas no mesmo local. No Parapan, diversas modalidades esportivas foram praticadas pelos atletas portadores de vários tipos de necessidades especiais, os quais deram um espetáculo e um exemplo de perseverança e dedicação.

O Brasil deu um show à parte, ganhando os jogos com 228 medalhas, seguido pelo Canadá. Além disso, foram construídas, no Rio de Janeiro, instalações especiais para os atletas Paraolímpicos, como rampas de acesso às piscinas, ônibus adaptados e acomodações na Vila Pan-Americana. Tudo isso seguido de perto pela mídia, que deu cobertura ao evento e mais ênfase à causa. Porém, é necessário perguntarmos: será que a competição foi realmente significativa para o processo de inclusão social de pessoas deficientes?

De acordo com a jornalista Maria Isabel da Silva, moderadora do Grupo de Estudos do Estatuto da Pessoa com Deficiência e diretora geral da Associação para a Educação, Esporte, Cultura e Profissionalização da Divisão de Reabilitação do Hospital das Clínicas (AEDREHC), os jogos Parapan-Americanos só serviram para reforçar a exclusão social sofrida pelas pessoas com deficiência, uma vez que os jogos foram realizados separadamente dos Pan- Americanos, diferenciando-as das pessoas “normais”. Com o seu fim e com a mídia divulgando apenas o que a interessa, a maioria das pessoas não tem conhecimento de ações tomadas posteriormente ao evento como a remoção das instalações construídas nas Vila Olímpica, nos estádios, bem como nas piscinas, pois tinham o intuito de servir apenas a competição. Soma-se a isto a exclusão da participação de deficientes mentais e auditivos, devido fraudes já ocorridas em jogos anteriores. Além disso, um dos patrocinadores dos jogos Panamericanos não se disponibilizou a financiar os Parapan-Americanos, o que reflete o preconceito e discriminação da sociedade. Na opinião de Maria Isabel, o ideal seria que os jogos fossem realizados simultaneamente, mostrando que os atletas deficientes são tão esforçados e comprometidos como os outros.

Com intenção ou não, é impossível negarmos o fato de que os jogos Parapan-Americanos ajudaram em mostrar a capacidade e o talento realizado dos atletas com necessidades especiais, que com certeza merecem muito mais espaço na sociedade do que possuem hoje. Com o recente término da competição, só poderemos ver mais futuramente se essa atenção à causa produziu resultados eficientes.
Patrícia Saad, aluna do 2º ano do ensino médio, do Colégio Bandeirantes - saadpaty@hotmail.com

   
Apresentação

O Radar do Mundo é produzido pelo projeto Idade Mídia do ensino médio do Colégio Bandeirantes, de São Paulo, desenvolvido pelos jornalistas Alexandre Sayad e Gilberto Dimenstein, que mistura o mundo da educação ao da comunicação (a chamada educomunicação). Em uma sociedade em que a informação está presente na vida dos jovens durante todo o tempo, a educação tem a necessidade de acompanhar essas novas demandas.

 
 
 

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