SÓ SÃO PAULO
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ibirapuera
21/10/2004
Para enxotar estranhos, lombofaixas

Numa cidade onde os carros mandam, como São Paulo, o sonho de quem vive em bairros residenciais é afastá-los das ruas e preservar o sossego. Na Vila Paulista, ao lado do Parque do Ibirapuera, zona sul, moradores foram além. Criaram o projeto Bairro Ambiental, que prevê não só a instalação de lombadas, mas de calçadas que atravessam as ruas, criando passagens de nível para reduzir a velocidade dos automóveis. A novidade, que ainda depende de autorização oficial, pode estabelecer um padrão para todo o País.

Com 11 ruas e cerca de 250 casas, a Vila Paulista tem localização estratégica. Serve de rota de escape para motoristas presos em avenidas congestionadas, como a República do Líbano e a Joaquim Antônio de Moura Andrade.

"A Vila Paulista está no miolo de uma área privilegiada. O tráfego do entorno traz comércio e guardadores de carros, tirando a tranqüilidade", diz o arquiteto Sergio Reitzfeld, presidente da Associação de Moradores e Amigos da Vila Paulista (Sovipa). Ele afirma que a proposta é diferente dos bolsões criados em bairros como Alto de Pinheiros e Butantã. "Nossa intenção não é fechar o bairro, é ordenar o trânsito."

O projeto do Bairro Ambiental foi feito com base no conceito de traffic calming, criado nos anos 70. A primeira fase prevê a construção de lombadas 15 metros depois das esquinas nas ruas de acesso. Na etapa seguinte está a proposta mais ambiciosa, a das "lombofaixas": os cruzamentos terão o piso elevado e ficarão na mesma altura da calçada. Com calçadas contínuas, os carros terão de reduzir a velocidade e transpor rampas nas esquinas. "Essa intervenção beneficia o pedestre e inibe o motorista de andar rápido", diz Reitzfeld. O engenheiro Maurício Sauhen, morador da Rua Oliveira Pimentel, concorda. "Quem mora aqui não corre, mas o motorista que quer fugir do trânsito, sim."

Para construir as lombofaixas, os moradores precisam obter a aprovação do Departamento Nacional de Trânsito (Denatran), já que o Código de Trânsito prevê só dois tipos de lombada. O comprimento varia de 1,5 metro a 3,7 metros e a altura, de 0,08 a 0,1 metro. Mas nenhum dos dois pode ocupar toda a extensão da rua.

As lombadas, aliás, ainda são o principal recurso usado para controlar o tráfego em São Paulo. A cidade tem cerca de 22 mil e só no ano passado a Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) recebeu 1.184 pedidos para construção desses bloqueios.

O urbanista José Eduardo Lefèvre, professor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo, diz que a construção das lombofaixas melhora a segurança para quem caminha. "Como o piso é elevado, é fácil enxergar o pedestre."

O vice-diretor do Departamento de Trânsito do Instituto de Engenharia, Sérgio Costa, diz que mudanças no tráfego são bem-vindas, mas exigem critério. "As pessoas tendem a considerar sagrado o espaço onde moram. É preciso ver que as ruas são as artérias que fazem a cidade circular."

AMANDA ROMANELLI
do jornal O Estado de S. Paulo

 
 
 

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