Receita de macarrão sustentável
DENISE RIBEIRO
DA FOLHA DE S.PAULO
Martha Wille, a empreendedora social que tirou a fábrica de macarrão de seu pai da falência com a produção de orgânicos, sem glúten, capacitando e empregando, na grande maioria, mulheres de áreas rurais pobres da Bolívia
Ela tem o carisma dos visionários. Há 13 anos, com uma guinada nos negócios, Martha Wille salvou da falência a fábrica de macarrão do seu pai.
A Coronilla, empresa familiar tradicional, não estava dando conta da concorrência com as massas mais baratas que invadiram o mercado boliviano nos anos 90.
Martha entrou em cena apostando numa linha de produtos orgânicos, à base de quinúa, um cereal nutritivo e essencial na dieta de cilíacos - pessoas com intolerância ao glúten.
As novas massas e salgadinhos elevaram a Coronilla à condição de primeira indústria de cereais andinos com certificação orgânica, abrindo-lhe as portas da exportação.
Toda essa revolução deu certo porque a empreendedora social percebeu que a gestão sustentável e o comércio justo, realidades distantes àquela época, eram ótimos fermentos para os negócios.
Práticas pouco usuais, como dar emprego a deficientes, priorizar a capacitação e a contratação de mulheres (mais de 50%), dar preferência a fornecedores locais e apoiar a produção de produtos orgânicos em áreas rurais pobres, levaram a Coronilla ao sucesso em apenas um ano. Uma atitude inovadora que virou referência internacional.
Marta Wille é Empreendedora Social de Destaque da Fundação Schwab. Acesse o site www.coronilla.com e saiba mais sobre o trabalho dela.
Quem é empreendedor Social?
É aquele que descobre falhas do setor público ou privado e busca parcerias e recursos financeiros para colocar em prática idéias que provocam mudanças sociais efetivas para a sociedade.
Qual é o perfil de um empreendedor social?
Empreendedores sociais têm múltiplos perfis. Eles podem ser pessoas físicas ou jurídicas e também podem atuar no setor privado.
Se é uma pessoa física, pode, por exemplo, ter descoberto um produto novo que tenha alcançado grande impacto social.
Em caso de pessoa jurídica, o empreendedor social mais comum é o líder de uma ONG. Como não há restrições a empresas que tenham fins lucrativos, o candidato pode também estar à frente de uma cooperativa ou de uma empresa social, desde que predomine o esforço para a criação de valores sociais e ambientais e que o retorno financeiro seja um meio para esse fim.