Empresário social leva energia solar a 300 mil pessoas na Nicarágua

CÁSSIO AOQUI
DA FOLHA DE S.PAULO, EM CARTAGENA

Ao lado dos empreendedores sociais brasileiros Claudio e Suzana Padua, o nicaraguense Vladimir Delagneau foi homenageado como Empreendedor Social de Destaque da Fundação Schwab na semana passada, em plenária do Fórum Econômico Mundial na América Latina, em Cartagena.

Agora, Delagneau se junta a líderes sociais como André Albuquerque, da Terra Nova Regularizações Fundiárias, como exemplo de quem investiu no conceito de empresa social e vem obtendo bons resultados a despeito de todos os desafios enfrentados.

À frente da Tecnosol, Delagneau leva energia solar a mais de 300 mil famílias da Nicarágua, o segundo país mais pobre das Américas, atrás apenas do Haiti. Agora, sua empresa está se expandindo para os vizinhos, como a Costa Rica e o Panamá.

Veja, a seguir, entrevista com o empreendedor social.

FOLHA - Como é seu trabalho na Nicarágua?

VLADIMIR DELAGNEAU - Levamos energia a casas que não têm acesso à eletricidade por meio de placas solares. Na Nicarágua, são mais de 500 mil casas que não possuem energia elétrica e muitas das quais nunca a terão, devido às dificuldades logísticas. Nosso trabalho é levar o acesso casa por casa. Como a maioria não tem dinheiro, conseguimos financiamento para que comprem o equipamento e o instalamos.

FOLHA - Qual o custo da placa solar aos beneficiários?

DELAGNEAU - Depende do consumo de cada casa. Vai de US$ 500 a US$ 10 mil, ou mais. Mas, depois disso, a fonte -o sol- será sempre gratuita.

FOLHA - Mas não é preciso trocar a bateria?

DELAGNEAU - Sim, a cada dois ou três anos.

FOLHA - Como as famílias pobres adquirem as placas, já que o valor não é tão baixo?

DELAGNEAU - Em geral, as famílias carentes não consomem muita energia e compram as placas de US$ 500. Emprestamos dinheiro do BID [Banco Interamericano de Desenvolvimento] e transferimos aos clientes mais pobres, após serem aprovados por um comitê de iluminação, que diz quem pode dispor desse fundo. Os demais são encaminhados por nós a empresas de microcrédito e só se não são aprovados por elas recebem o apoio do BID.

FOLHA - Quantos beneficiários a Tecnosol tem?

DELAGNEAU - São hoje 50 mil casas que abrangem cerca de 300 mil pessoas beneficiadas pelas placas solares.

FOLHA - Como é ter uma empresa social na Nicáragua?

DELAGNEAU - Iniciamos a empresa com o fim de solucionar um problema e ganhar dinheiro para sobreviver. Estamos nos convertendo em empresa social de forma natural. Mas somos uma empresa igual a todas as outras, com a diferença de que temos um forte conteúdo social.

FOLHA - Quantos funcionários vocês têm?

DELAGNEAU - Começamos com duas pessoas e hoje somos 98, em várias unidades em diferentes partes do país. Agora estamos expandindo pela América Central, começando a atuar em El Salvador, Honduras, Guatemala, Panamá e Costa Rica, que apresentam condições bem similares às nossas.

FOLHA - Qual o segredo para a empresa social crescer?

DELAGNEAU - Na verdade, a maioria das empresas só se preocupa com a rentabilidade, não se dispõe a participar de projetos de longo prazo, ainda mais na área social. Mas é justamente por isso que temos conseguido apoio de diferentes organizações e fundações e firmamos uma aliança com o governo. Obtivemos financiamento público para promover sistemas solares. No caso das placas mais simples, de 50 a 100 watts, que são as mais procuradas pelas famílias carentes, oferecemos US$ 150 de desconto aos beneficiados -e o governo nos reembolsa com fundos do Banco Mundial.

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