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Aventureiro de plantão, Amyr Klink está se preparando para sua próxima empreitada: chegar até a China pela passagem norte, uma viagem nunca terminada por outro navegador. Mas, desta vez, o navegador solitário estará acompanhado: a equipe terá seis tripulantes.
"Já fiz quatro viagens sozinho e já ultrapassei o limite", afirmou Klink, que passou 141 dias na Antártica, em um desafio perigoso e desafiador ao mesmo tempo _levou 88 dias para dar a volta ao mundo. Ele também participou da "Regata do Descobrimento" recentemente.
"Algumas pessoas estão tentando fazer a travessia neste momento e estou torcendo para elas conseguirem porque assim poderei pegar algumas informações."
O Parati 2, barco que ele está construindo, pode levar 40 pessoas, mas o projeto será menor. "Essa será uma das dificuldades porque teremos pouca gente em um barco grande", explica o navegador.
Klink tem dividido seu tempo com a mulher, as duas filhas, o novo projeto e a construção de um porto para veleiros em Parati. "Estou morando em São Paulo, mas agora devo passar mais tempo no litoral", disse.
Livro
No sábado (06), o navegador esteve na 16ª Bienal Internacional do Livro, em São Paulo, para o lançamento de "Mar Sem Fim" (Cia. das Letras, 272 páginas, R$ 26,50). Ele distribuiu autógrafos e conversou com seus leitores durante duas horas.
"Mar Sem Fim" conta a última viagem de Klink, o feito inédito da circunavegação polar, nome técnico para uma verdadeira "enrascada", um giro de 360 graus pela Terra, no caminho mais curto e perigoso, ao redor da Antártica. A viagem foi realizada entre outubro de 1998 e março de 1999.
Ele percorreu rotas importantes de viagens feitas no passado pelos grandes navegadores da história. "Foi também como uma viagem no tempo porque passei por vários fusos", afirmou.
"Foi um projeto que namorei durante uns dez anos, mas foi difícil porque não existem mapas dessa região e, devido ao gelo, as mudanças ocorrem em instantes", disse. "Além disso, enfrentei neblinas que duraram uma semana e eu não via nada, mas sabia que tinha gelo de todos os lados."
Ondas
O navegador teve ainda mais problemas porque as condições climáticas foram totalmente desfavoráveis e durante muitas vezes ele surfou em ondas de 80 pés (27 metros). "Se fosse só uma, tudo bem, mas eram várias."
Assim, Amyr Klink chegou a passar 50 horas sem dormir. "Mas, felizmente o barco resistiu e esteve muito bem", comemorou. "O legal foi encontrar coisas bonitas no meio das águas, como aves em número espetacular diariamente, focas e baleias."
Fauna
Em "Mar Sem Fim", foi feito um inventário completo de toda a fauna da Antártica, com o nome científico, em inglês e em português de todas as espécies. "Isso foi decidido quando voltei porque nunca penso em escrever o livro antes da viagem. Ela pode ser sem graça."
Klink disse que o diário de bordo nunca é usado em suas publicações. "São dados científicos apenas", afirmou. Mas então você faz anotações diárias? "Sim, me policio para escrever uma página por dia porque não gosto", disse, rindo, o navegador.
(André Tarchiani Savazoni)
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