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O Pacífico vai à guerra das medalhas

 


MARIA OLARU
Ginástica-Romênia

Uma Comaneci 'certinha'

A revelação da ginástica romena não inventa nos movimentos, mas também não erra nada

Associated Press
A ginastica romena Maria Olaru, 18, que ganhou o Mundial de Ginástica na China


LÚCIO RIBEIRO
DA REPORTAGEM LOCAL


“Brasil? Futebol?”

É sabido, a ginástica olímpica feminina está para a Romênia assim como o futebol masculino está para o Brasil. Para o país europeu, a legenda Nadia Comaneci é o Pelé romeno.

Todos esses paralelos servem para chegar ao seguinte: enquanto o Brasil vai depositar suas esperanças olímpicas nos pés do garoto Ronaldinho, a Romênia estará botando fé no corpo esguio da jovem Maria Olaru.

Dito isso, soa até engraçado a primeira frase de Olaru à reportagem da Folha, em entrevista por telefone. A ginasta falou após dez horas de treino, direto do Liceul Sportiv de Deva, lugarejo aos pés dos Cárpatos, lar da escola da ginástica mais famosa do mundo.

Olaru, 18 anos, é um dos nomes para não se tirar o olho em Sydney-2000. A atleta é a mais cintilante revelação a brotar na fabriquinha romena de ginastas, uma entre as seis que o país colocará na trilha do ouro olímpico.

“Minhas favoritas para ganhar o ouro? As romenas: Simona (Amanar), Claudia (Presecan), eu...”, declarou a ginasta, com a simplicidade de quem arrasta um inglês ginasial, de principiante, mas em progresso para acompanhar sua carreira em torneios mundiais.

Talvez seja a mesma simplicidade que a faça desdenhar do forte time feminino da Rússia e da Ucrânia, outras escolas sempre bem cotadas na hora em que se discute medalha de ouro.

Com o forte nos exercícios combinados, mas elogiável performance nos aparelhos, Maria Olaru é considerada a “correta”, de movimentos exatos, perfeitos.

Isso significa que Deva já não produz mais ginastas papa-medalhas de exercícios revolucionários, como Comaneci. Competem para não errar, sem inventar.

“Simplesmente faço o que treino. Talvez por isso a gente ganhe muitas competições”, afirma Olaru, que geralmente treina seis horas diariamente, mas intensificou a carga horária nos últimos dias para dez horas. Proximidade da Olimpíada? “Não. É que entrei em férias na escola.”

Maria Olaru começou a competir em 1995, no Mundial de Juniores da China. Ficou em 10º. À China voltou no ano passado, no Mundial de Ginástica. Foi campeã por equipes e, melhor, campeã nos exercícios combinados, a segunda romena a conquistar o título mundial individual na história (a outra foi Comaneci).

A julgar pelos títulos colecionados desde o ano passado por Olaru, em meetings e torneios nacionais e mundiais, não está longe o momento de o mundo assistir a cenas de simplicidade aliada a capacidade das romenas.

Cenas como a vista quando Comaneci encantou o mundo em Montreal-1976, faturou três ouros individuais e disse que tudo o que queria de prêmio era uma bicicleta nova, já que a dela estava com o pedal quebrado.

Não seria difícil em Sydney, depois de algum triunfo, Maria Olaru dedicar a medalha a seu gato siamês. “Quem falou a você sobre meu gato siamês? Eu amo meu gato”, afirmou.


OS HERÓIS OLÍMPICOS

Antuépia-1920

O príncipe havaiano Kahanamoku fez história na natação nos 100 m nado livre. entreu na piscina para eliminátórias: recorde olímpico. Foi para semifinal: bateu seu próprio recorde. Na final: recorde mundial

Popperfoto
Paris-1924

O jovem nadador norte-americano Johnny Weissmuller ganha três medalhas de ouro na Olimpíada francesa (conquistaria mais duas nos Jogos seguintes). sDez anos depois, fazia sua estréia no cinema como Tarzã.


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