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AMIR LABAKI
Oscar 2001: "Bossa Nova"
ou "Eu Tu Eles"?


AMIR LABAKI
Colunista da Folha Online

Qual filme melhor representaria o cinema brasileiro na disputa de uma vaga para concorrer ao próximo Oscar de melhor filme estrangeiro: "Bossa Nova", de Bruno Barreto, ou "Eu Tu Eles", de Andrucha Waddington? A briga será boa e já mobiliza fortes lobbies de bastidores.

Não se trata de escolher o melhor entre eles. Eu não hesitaria em apontar a comédia familiar de Waddington como superior -pra começar, parte de uma base dramática infinitamente mais sólida que a agradável revisita romântica ao Rio de Barreto. Mas Oscar é estratégia -somada, claro, a sorte.

Curiosamente, seja qual for o escolhido, o destino do possível primeiro Oscar para um filme brasileiro vai passar pela distribuidora Sony Pictures Classics. É ela a responsável pelo lançamento no mercado americano de ambos os títulos. Foi a Sony também que lutou no Oscar, há dois anos, por "Central do Brasil" e, no ano passado, por "Tudo Sobre Minha Mãe". Salles perdeu, Almodóvar saiu consagrado.

"Bossa Nova" e "Eu Tu Eles" têm outro ponto em comum. Ambos contam com a Columbia Pictures entre seus co-produtores. Será coincidência ou estará se fortalecendo a escola do cinema brasileiro "for export"? "Bossa Nova" tenta a internacionalização por meio da comédia turística ("o Rio de Janeiro continua lindo"). Mais sóbrio, "Eu Tu Eles" aposta em cantar uma aldeia para conquistar o mundo.

"Bossa Nova" encerrou o 5º Festival de Berlim em fevereiro último. Há sete semanas em cartaz nos EUA, faz boa carreira. Aproximou-se no último final de semana da marca de US$ 750.000. Mas a repercussão crítica deixou a desejar -o "The New York Times" e o "Washington Post", por exemplo, desceram a lenha.

Já "Eu Tu Eles", segundo filme de Waddington, esteve entre os mais aplaudidos em Cannes 2000, arrebatando uma menção honrosa na mostra paralela Um Certo Olhar. Ainda mais importante, especialmente quando se pensa na indicação ao Oscar, foi ter colhido elogios efusivos da "Variety", a mais influente publicação dedicada ao showbiz americano. É impossível comparar as performances de bilheteria, pois "Eu Tu Eles" deve entrar em cartaz nos EUA apenas no final do ano (estréia aqui em agosto).

O clã Barreto tem maior prestígio e experiência no trato com a Academia. Foi indicado duas vezes apenas na última década ("O Quatrilho" e "O Que É Isso, Companheiro?"), mas não levou em nenhuma delas. A trilha bossa-novista e a presença de Amy Irving no elenco tornam o novo filme mais próximo dos votantes e do público americano do que seus antecessores.

"Eu Tu Eles" é "Vidas Secas" encontra "Dona Flor e Seus Dois Maridos" -universo fílmico reconhecível mesmo para os bitolados acadêmicos do Oscar. Carrega o prestigioso selo Sundance, pois teve seu roteiro debatido em um dos laboratórios realizados no Brasil pelo instituto voltado ao cinema independente fundado por Robert Redford. Vai estrear mais perto das deliberações da Academia, o que costuma ser positivo.

Por mais que frisemos que há inúmeras questões mais importantes para o cinema brasileiro, há um quê de obsessão esportiva na expectativa gerada na última década quanto a um Oscar para um filme brasileiro. Felizmente Guga apareceu e canalizou parte desta energia mítica represada. Mas o Oscar continua lá, como deusa virgem ainda a ser conquistada.

O candidato nacional à indicação ao Oscar 2001 será escolhido em meados do segundo semestre por uma comissão especial indicada pelo Secretaria do Audiovisual do Ministério da Cultura. Seria ótimo organizar uma enquete também com nossos leitores. É preciso, porém, esperar o lançamento nacional de "Eu Tu Eles", daqui a dois meses. Voltarei, então, ao assunto. E revelarei meu modesto voto.

Texto extraído da coluna Pensata de 15 de junho de 2000.

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