Livraria da Folha

 
21/08/2010 - 18h55

Eficiência do mapa da Bienal divide opinião de visitantes; cartógrafo analisa

PAULA DUME
colaboração para a Livraria da Folha

Pelas 15 ruas principais --nomeadas de A até O-- do pavilhão da 21ª Bienal Internacional do Livro de São Paulo, os visitantes param, olham para o alto, miram o mapa e seguem em busca das editoras e livrarias que procuram.

Aguinaldo Pedro/Ofício da Imagem
Imagem panorâmica dos corredores da 21ª Bienal do livro de São Paulo
Imagem panorâmica dos corredores da 21ª Bienal do livro de São Paulo; mapa divide opinião dos visitantes que o consultam

A Livraria da Folha consultou sete visitantes sobre a eficiência de localização do mapa distribuído na Bienal. Portando um papelzinho, a professora Diane Cristina, 28, professora, afirmou que consultou o mapa uma vez, depois decidiu se guiar pelos panfletos pendurados nas alamedas do Anhembi.

Karina Aparecida Posan, 35, disse que o mapa deveria ser maior para ficar mais fácil de ser visualizado. "Em cada portão, o público já deveria receber o mapa. Tentamos imprimir no site, mas saiu pequenininho. Eles deveriam aumentar", reclamou a professora de inglês.

A estudante Aline Moraes Rita, 30, consultou o mapa principalmente para localizar o banheiro e a praça de alimentação na Bienal. "Sigo pela ordem das letras pra ter a opção de olhar todas as editoras."

Segundo a estudante de farmácia, Ana Romero Zopeti, 21, o mapa ajuda até certo ponto. Ela prefere se orientar pelas placas que ficam acima dos estandes. Mônica Marcondes de Oliveira, 45, também se guia pelas letras "aéreas". "Vi pelo site da Bienal e comprovei que ele [mapa] é confuso aqui [Bienal]", notou a microempresária.

Sueli Farkas de Matos, 55, e sua filha Cristiane Farkas de Matos Cistorino, 35, adoraram o mapa. "Está ótimo. Tem uns estandes que a gente estava procurando e foi através o mapa que a gente conseguiu se localizar aqui dentro da feira", explicou Sueli. Cristiane disse que procurou pelo mapa logo na entrada do evento para "ir achando onde a gente queria ir".

À pedido da Livraria da Folha, o professor do Departamento de Geografia da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP e especialista em cartografia de mapas dos Atlas Geográficos para Escolares, Marcello Martinelli, 73, analisou o mapa da Bienal conforme os princípios básicos da cartografia. Veja abaixo o relato detalhado de Martinelli.

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Num primeiro impacto, o mapa me pareceu oportuno para qualquer visitante, desde 12 anos até idades avançadas que tenham um mínimo de noção para procurar um caminho de casa desenhado sobre uma folha de papel.

- O mapa conta com textos, letras, números, símbolos bem claros, fáceis de serem memorizados após rápida leitura da legenda, pois muitos deles já são de conhecimento geral para quem frequenta pontos turísticos.

- Foi muito bem acertada a ideia de nomear as "ruas horizontais" com letras e essas serem colocadas no eixo central do mapa, para o visitante saber se terá que ir para a direita ou esquerda. As letras estão em maiúsculo, muito mais visíveis, em alto contraste e em ordem de "baixo" pra "cima", iniciando por onde se entra (uma espécie de sistema de coordenadas geográficas).

- A localizaçao dos sanitários está bem clara e evidente, quase gritante, coisa que, em geral, fica sempre descuidada, e cria problemas aos visitantes menos ágeis.

Entretanto, levanto alguns pontos que num primiero momento de leitura achei meio confuso:

- A "ENTRADA" (à direita do mapa) é confusa. Aglutina-se com outras informações e dados, muito próxima da saída geral. A saída tem um "buraco" na parede para sair, porém a entrada ficou sem. Seria bom um grande "vão" na parede com a flecha e indicação de entrada antes de entrar no local. A entrada deveria estar próxima à letra "A", pois é a "origem" do sistema de coordenadas, o que facilita a circulação de pessoas.

- A parte esquerda do mapa também é confusa quanto às entradas e saídas de escolas: flechas e textos talvez devessem ficar fora do mapa, na "boca" das respectivas entradas/saídas.

- Na parte de baixo à esquerda, há uma série de flechinhas da "TRIAGEM", que não se sabe para o que é. Faltam melhores explicações diante desse tipo de "entrada". A palavra "triagem" está em corpo muito pequeno.

- No indicador do "Palco Literário" e "Território Livre" [ambos no número 3], há duas cores em diagonal, o que confunde. Mesmo que a atividade é dupla, poderia ficar em cor única, já que existe a conjunção "e".

- Os quadradinhos coloridos da "Programação Cultural" estão em quadriláteros irregulares, dando um efeito visual de "balanço" da direita para a esquerda e da esquerda para a direita, o que poderia constituir uma interferência à visualização e leitura do mapa.

Dentre "problemas" e "acertos", o saldo do mapa é seguramente positivo.

 
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