Livraria da Folha

 
15/08/2010 - 20h00

Leitores mirins e cosplays invadem Bienal do Livro de SP

PAULA DUME
colaboração para a Livraria da Folha

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Nos primeiros dois dias da Bienal Internacional do Livro de São Paulo (13 e 14), os corredores foram invadidos pelo público. Filas de autógrafos e para pagamento nos caixas das editoras e livrarias ramificavam-se em cadeia, no pavilhão de exposições do Anhembi.

De leitores mirins ávidos por HQs da Marvel, gibis da Turma da Mônica e mangás à cosplays exibindo as fantasias de seus personagens favoritos, a Bienal comportou diversos tipos de públicos, e a Livraria da Folha monitorou cada metro quadrado de leitura.

Na sexta-feira 13, a professora de inglês Yáskara Bueno, 30, vestiu de vampiros os filhos Rajú, 6, e Ramã, 4, e a sobrinha Ana Clara, 7, e visitou a feira de livros. A festa continuaria em sua casa à noite, com minhocas de gelatina e comidinhas personalizadas para a garotada. Ramã estava à procura de um livro sobre dinossauros para integrar sua coleção de infantis. Já Rajú buscava mais um volume para sua estante de gente grande.

Paula Dume/Folhapress
Yáskara ao centro, Ana Clara (à esq.), Ramã e Rajú (à dir.) na Bienal
Yáskara ao centro, com Ana Clara (à esq.), Ramã e Rajú (à dir.)

"Homem-Aranha, Super-Homem e Capitão América. HQs de adultos, ele já lê e gosta. Na cabeceira da cama tem um [livro do] Homem-Aranha de 300 páginas. Enquanto ele não cansa a visão, não para", impressiona-se Yáskara.

Rajú devora de dois a três livros por dia --de ciências aos de culinária. "Ele lê a receita e eu faço. 'Mamãe, agora você vai fazer esse hoje. Eu vou ler os ingredientes, vê se tem'. Ele quebra os ovos, mexe, só coloco [a comida] no forno", diverte-se a mãe.

O mais novo ainda não foi alfabetizado, mas copia as palavras que vê para o computador e pede para que Yáskara e o irmão mais velho leiam para ele.

O interesse pelos livros faz parte da personalidade dos meninos, segundo a professora. Além da leitura, os pequenos trocam a televisão pelo jogo de bola no quintal, regam as plantas e ajudam a mãe na cozinha.

"Teve uma época em que eu pensava 'Ah, meus filhos vão se acabar no Playstation e na televisão'. Ficava nervosa e tinha até pesadelo. No dia em que eu relaxei e comecei a dar exemplos para os meninos, funcionou."

Yáskara alfabetizou Rajú com a cartilha "Caminho Suave". Comprou a edição mais recente e a apresentou para o filho, à época, com 4 anos. Ele dedica de meia a duas horas por dia às lições do volume.

"Acho que o método de ensino hoje em dia está superficial, parece que a pessoa não quer ensinar, só fazer memorizar. O método tradicional da "Caminho Suave" é conciso e efetivo. A criança vai aprender e será para o resto da vida. O método atual demora mais", afirma.

Após a conversa, os vampirinhos visitaram os espaços das Fábulas da Turma da Mônica e da Exploração Discovery Kids.

Cosplays de animes e de sebo

A personagem Morte da HQ "Sandman" e a sacerdotisa do anime Inu-Yasha chamaram a atenção dos frequentadores da Bienal na sexta-feira 13. Juliana, 16, e Vanessa, 17, estudantes do segundo ano do ensino médio, participaram do desfile de cosplays que a editora Panini promoveu em seu estande. Ficaram em 18º (última colocação) e 4º lugares, respectivamente.

Além de mangás, os vampiros imperam entre os gostos de leitura das adolescentes. Juliana gosta de quadrinhos de terror e de volumes de romance, ficção e suspense. Considera-se uma "traça de sebo". "Sebo tem coisas mais antigas e baratas", diz. O livro mais raro que encontrou em um deles foi "Como se Casa, Como se Morre", de Émile Zola (1840-1902).

Porém, ela não deixa a compra nas livrarias de lado, caso o preço esteja acessível. Na Bienal, percebeu que muitos dos livros que queria comprar estavam mais baratos pela internet do que no próprio estande das livrarias e editoras. "Tem muito mais desconto nos sites."

Vanessa torce o nariz para as sagas Harry Potter e "O Senhor dos Anéis", porque considera as histórias muito repetitivas. Nos sebos, procura por romances da literatura norte-americana. "Se eu fico sem ler, fico meio louca", afirma.

A estudante, que faz cosplay há três anos, foi fantasiada da personagem Bella, no sábado (14), dia em que os fãs comemoraram o casamento da dupla de "Crepúsculo". Desistiu de comprar "Sussurro", de Becca Fitzpatrick, na Bienal, porque o livro estava sem desconto. Dedicou as compras às revistas japonesas e aos mangás de sua preferência, como a de Kagome.

 
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