Livraria da Folha

 
09/09/2010 - 15h19

Nem só de "realismo mágico" vive a literatura latino-americana

PAULA DUME
colaboração para a Livraria da Folha

02.nov.1998/AP/Efe
Bolaño foca infelicidade humana e recompensas falsas da infelicidade
Bolaño foca infelicidade humana e recompensas falsas da infelicidade

O realismo fantástico é presença constante nas obras de Jorge Luis Borges (1899-1986) e de Gabriel García Márquez. Dois bons exemplos são as críticas literárias do primeiro em "Prólogos, com um Prólogo de Prólogos" e o relato do segundo no livro "Notícia de um Seqüestro".

Compõem ainda esse grupo que retrata a realidade e a diversidade da região os peruanos Alonso Cueto e Mario Vargas Llosa, o chileno Roberto Bolaño (1953-2003), a peruana naturalizada chilena Isabel Allende, os argentinos Julio Cortázar (1914-1984), Tomás Eloy Martínez (1934-2010) e Juana Bignozzi, o mexicano Carlos Fuentes, os uruguaios Mario Benedetti (1920-2009), Juan Carlos Onetti (1909-1994) e Eduardo Galeano, entre outros.

Novas reedições e até lançamentos, como "2666", de Bolaño, e "A Ilha sob o Mar", de Allende, desembarcaram nas livrarias nos últimos anos. Muitas dessas obras não eram reeditadas no Brasil há mais de 30 anos. Bolaño cresceu no México e voltou ao Chile no começo dos anos 1970. Começou a publicar seus livros aos 40 anos, já residindo na Espanha.

Onetti merece destaque. O universo que criou em seus 16 romances influenciou grandes companheiros de continente, como Cortázar e Llosa, que teve "A Casa Verde", publicada originalmente em 1966, relançada em fevereiro deste ano pela Alfaguara no Brasil.

Onze novos contos, três tramas não incluídas em "Histórias de Cronópios e de Famas" e uma parte suprimida pelo próprio autor em "O Jogo da Amarelinha" compõem o inédito "Papéis Inesperados", de Cortázar, lançado em julho pela Civilização Brasileira.

Divulgação
Poeta argentina Juana Bignozzi ainda não tem obras publicadas no Brasil; seus livros reverberam sentimento apaixonante de objeção
Poeta argentina Juana Bignozzi ainda não tem obras publicadas no Brasil; seus livros reverberam sentimento apaixonante de objeção

Fuentes está escrevendo um livro sobre o guerrilheiro colombiano Carlos Pizarro Leongómez, jovem de classe média que virou combatente marxista.

A argentina Juana Bignozzi também revela em seus textos um caráter militante. A poeta ainda não foi traduzida no Brasil, mas seus livros reverberam um sentimento apaixonante de contestação, como nos versos de "¿Fieras de Papel en Ambas Orillas?", nos quais fala sobre os mitos históricos que obrigaram os argentinos a retroceder no tempo.

Eloy Martínez, que morreu em maio deste ano em decorrência de um câncer, aos 75 anos, era o principal autor de romances políticos da Argentina. O escritor viveu exilado em Caracas e nos Estados Unidos entre os anos de 1966 e 1984. Tanto que o romance "Purgatório", seu último livro lançado no Brasil em 2009 pela Companhia das Letras, trata desse período e dos principais temas sobre os quais refletiu, como o autoritarismo, entidades morais e esferas de ação social.

 
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