Professor de educação física dá dicas para quem quer começar a correr
JULIANA FARANO
colaboração para a Livraria da Folha
Início de ano é sempre a mesma história, quase todo mundo tem entre suas resoluções prestar mais atenção à saúde e começar a praticar uma atividade física. Entre os exercícios, a corrida pode ser bem interessante.
Hoje em dia, quase todo fim de semana existe alguma prova do tipo em São Paulo. Corridas com percursos de cinco ou 10 quilômetros podem se tornar um passatempo divertido e, ao mesmo tempo, saudável.
No livro "A Construção do Corredor", o professor de educação física Miguel Sarkis mostra por que esta atividade é eficiente para obter disposição, agilidade e vigor físico. A publicação traz programas de treinamento para quem deseja correr desde cinco quilômetros até maratonas, tanto para iniciantes quanto para atletas de alto desempenho.
Em entrevista para a Livraria da Folha, o profissional conta o que é necessário para começar a correr, fala dos perigos de um treinamento equivocado e explica a importância de usar um tênis apropriado, entre outras coisas. Confira abaixo.
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LIVRARIA - Como surgiu a ideia de escrever o livro?
SARKIS - Quando comecei a trabalhar como personal, há muitos anos, percebi que tinha muitas questões para discutir com meus alunos que ficavam perdidas por conta da falta de tempo de ambos. Comecei a transpor esses papos para alguns folhetos e, de uma maneira totalmente independente, lancei meu primeiro livro: ""Andar ou Correr?". Depois de três anos, quando eu estava amadurecendo a ideia de escrever o segundo, a editora Gente me procurou.
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| Professor mostra que correr garante disposição e vigor físico |
LIVRARIA - Quando você começou a correr?
SARKIS - Corro desde que eu tinha uns 17 anos. Tinha pouca desenvoltura pro esporte, especialmente nos coletivos. Um dia alguns amigos me chamaram para fazer cooper e, aos trancos e barrancos e sem muita informação, comecei a correr e logo me apaixonei pela atividade.
LIVRARIA - Como era a corrida nessa época?
SARKIS - O maior problema era a falta de informação. Ninguém respeitava os períodos de treino e a gente não sabia o que fazer direito. Além disso, existiam poucas corridas de ruas.
LIVRARIA - Hoje, com as corridas e as informações disponíveis, a prática da atividade ficou mais fácil?
SARKIS - Sem dúvida. No entanto, tem que tomar cuidado com a fonte da informação. Tem muita gente que não é bem treinada. A Maratona de Chicago, por exemplo, é um caso bem caótico. Entre 35 mil participantes, 18 mil são completamente despreparados e com poucas condições pra concluir uma prova desse tipo. Isso é algo bem crítico e alarmante, porque essas pessoas podem ter lesões sérias e, em casos mais grave, até morrer.
LIVRARIA - Você acha que isso acontece por causa da qualidade de informação?
SARKIS -A informação, hoje em dia, chega muito rápido, mas ao mesmo tempo percebemos que tem pessoas escrevendo aleatoriamente. Existem bons e maus profissionais, como também pessoas que nem são da área e estão por aí disseminando supostos conhecimentos. É preciso tomar bastante cuidado.
LIVRARIA - Existe idade mínima ou máxima para começar a correr?
SARKIS - Não se deve começar antes dos 13 ou 14 anos. Nessa idade o jovem ainda está em uma fase intensa de crescimento e não tem o aporte físico necessário. Já a idade máxima depende da saúde dos indivíduos. Alguém com 70 anos, sedentário, obeso, com dificuldades no metabolismo e alguma doença cardíaca pode morrer logo na primeira corrida. Já uma pessoas com bastante idade, mas que sempre se manteve em forma e com a saúde boa, pode praticar sem problemas.
LIVRARIA - Qual é o primeiro passo para dar início à prática da corrida?
SARKIS - A primeira coisa é ir ao médico, contar a ele a intenção da consulta e fazer um check-up. O ideal é realizar isso com um profissional da área de esporte. O segundo passo é começar andando. Da caminhada, a pessoa deve amadurecer pata a corrida pouco a pouco. Mas é que claro que tudo isso depende da pessoa, cada treino é diferente.
LIVRARIA - E cada um tem que saber seus limites...
SARKIS - Exato. E essa é a parte mais difícil de fazer quando se vive em uma sociedade capitalista, num mundo em que a competição vem de berço.
LIVRARIA - Qual é a importância de um tênis adequado?
SARKIS - O calçado é um indumentário muito importante para os treinamentos, principalmente porque não temos mais chão de terra, só asfalto esburacado, com pedras, vidros, pedaços de arame e etc. O ideal seria que, na hora de comprar um tênis, a pessoa fosse procurar um ortopedista do esporte, que define o melhor tipo de calçado com detalhes. Mas se não houver condições para isso, hoje em dia existem muitas lojas que oferecem essa avaliação na esteira, com um computador que define melhor o tipo de tênis indicado a cada um.
LIVRARIA - Que tipo de problema pode ter quem corre com o tênis errado?
SARKIS - As pessoas podem apresentar diversos tipos de dores e lesões, como inclinação de pélvis e de coluna e lesão de menisco. O tênis errado pode obrigar alguém que já tem uma deficiência na pisada a forçar justamente o lado que não deveria.
LIVRARIA - E quanto a alimentação, qual é a forma adequada de comer durante os treinos e corridas?
SARKIS - É preciso ter cinco refeições por dia. Pra quem se alimenta dessa forma e está com o corpo equilibrado, antes do treino, pela manhã, é preciso ingerir água e carboidrato, de preferência em algum alimento rápido, como uma torrada com geléia ou um pedaço de pão com "cream cheese". Depois da atividade, é só partir para o café da manhã completo.
LIVRARIA - Alguém começando a treinar agora consegue se prepara para correr a São Silvestre no fim do ano?
SARKIS - É possível. Se a pessoa já tiver uma saúde esportiva, dá pra chegar ao final do ano e correr com certa tranquilidade. Ela teria que começar caminhando, depois caminhar e correr, e depois só correr, variando o treinamento com percursos de subida e em pisos diferentes para o organismo se adaptar de várias formas.
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"A Construção do Corredor"
Autor: Miguel Sarkis
Editora: Editora Gente
Páginas: 264
Quanto: R$ 49,90
Onde comprar: pelo telefone 0800-140090 ou na Livraria da Folha
