da Livraria da Folha
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Cena da clareira em que Edward se declara a Bella foi ponto de partida para toda a saga "Crepúsculo" e momento preferido dos fãs |
A cena da clareira, na qual Edward confessa a Bella que está apaixonando-se por ela mas ainda assim precisa resistir ao imenso desejo de sugar-lhe o sangue, é uma das mais queridas pelos fãs da saga "Crepúsculo". É sabido por todos eles, também, que este momento foi o primeiro a ganhar vida nas páginas e fora da imaginação de Stephenie Meyer.
A madrugada de 3 de junho de 2003 foi decisiva para a até então dona de casa. Sentindo-se realizada mas com a vida estagnada, preocupada com a dieta para perder os quilos da última gravidez e com o cuidado de seus filhos, Meyer teve uma noite conturbada. Acordou perturbada por um sonho no qual um belo e jovem vampiro contava à sua amada humana que desejava matá-la, em um prado enquanto brilhava ao sol.
Passando o resto do dia seguinte distraída, com a sensação de ter assistido a um momento particular e querendo saber como ele se desenrolaria, decidiu dar vazão à sua criatividade. Sentou-se em seu computador e escreveu a frase "Na luz do sol ele era chocante". O primeiro passo para a saga de vampiros mais lucrativa dos últimos anos estava dado.
E a jovem dona de casa e mãe de família mórmon iniciava a sua vida como estrela da literatura para jovens adultos, de fama internacional. Hoje, sua privacidade e a dos atores que interpretam seus personagens nas adaptações para cinema são dissecadas e observadas por ávidos e fieis leitores.
Com um sucesso acontecendo rápido não é de se estranhar que produtos e livros derivados abarrotem estantes e sejam consumidos por milhares. No final de semana de lançamento, por exemplo, o DVD de "Lua Nova" vendeu 4 milhões de cópias.
Assim, "Stephenie Meyer: A Biografia Não-Autorizada da Criadora da Saga Crepúsculo" é traduzida para o português e ganha as prateleiras das livrarias no final de março. Escrita por Marc Shapiro, acompanha a vida da autora e baseia-se em sua origem familiar e religião para entender o processo de criação dos seus livros, a sua dedicação à leitura, os temas tratados nos romances, a retomada do amor romântico e inocente, além do mérito de cativar os jovens para a leitura.
Para poder escrever a biografia, Shapiro buscou o professor dos tempos da universidade, a quem Meyer dedicou e enviou seu primeiro livro autografado, pessoas de Forks e inúmeras revistas e jornais que publicaram entrevistas de agentes, da própria Stephenie e comunicados de imprensa da Summit Entertainment.
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Biografia de Stephenie Meyer chega às livrarias na próxima semana |
Assim como sua heroína Bella, a quem é constantemente comparada e questionada se seria seu alter ego, a escritora norte-americana era tímida e não recebeu grandes atenções quando cursou o colegial. Também por conta de sua religião, mantinha-se cercada por familiares e amigos da igreja, entre os quais encontrou seu futuro marido Christiaan Meyer.
Foi na infância que, influenciada pelo gosto de fantasia clássica de seu pai e dos romances de Jane Austen por conta de sua mãe, que teve contato com a literatura e tornou-se uma ávida leitora de livros. Gastava horas imersa entre páginas e histórias.
Seu amor pela leitura foi o que a levou a cursar inglês na faculdade, onde ela pode analisar e estudar os clássicos. Mas foi, também, ali que ela percebeu que sua criatividade, a mesma que permitia inventar historinhas para distrair seus irmãos, precisava sair, ainda que a sua timidez a impedisse.
O sonho, hoje quase tão conhecido quanto seus livros, abriu caminho por sua insegurança. Da mesma maneira que seus leitores percorrem sem pausas os quatro volumes da saga de Edward e Bella, Meyer não conseguiu para de escrever até ter "Crepúsculo" concluído.
Gastava todo o momento livre do cuidado da casa e da família, o que significava em grande parte à noite, para dar vida aos personagens que povoavam sua mente. Até o momento em que sentiu a necessidade de dedicar mais tempo ao seu "segredo", uma vez que sua timidez não permitia mostrar o manuscrito a ninguém a não ser Emily, sua irmã e confidente. A reclusão que se seguiu e as horas passadas diante do computador estremeceram seu casamento e geraram desconfiança em seu marido.
A revelação da atividade estranha e o tema abordado em sua escrita espantaram seus familiares e amigos próximos, os quais ainda assim a apoiaram quando decidiu publicar o livro.
Sua editora, a Little, Brown, comprou os direitos de seu manuscrito e firmou o contrato para mais dois, que ela prontamente escreveu a partir de epílogos de "Crepúsculo". Mudanças e edições ocorreram, como em toda produção editorial, até o volume que chegou às livrarias, mas entre todas as coisas que Stephenie Meyer bateu o pé foi nada de cenas de sexo ou deixar as coisas mais picantes. Dada a sua formação, ser uma "boa menina" não havia nada de errado.
A conquista dos primeiros lugares nas listas mundiais de best-sellers, a legião de fãs que acompanham cada nota dada sobre a saga e a paixão pelos atores que interpretam seus personagens no filme que se deram após esta aposta literária são conhecidos. E esmiuçados no restante da biografia. Da primeira tentativa de adaptação por conta da Paramount até a sua reclusão no ano de 2009, sem deixar de lado a cidade de Forks e os índios quileutes, Marc Shapiro faz um retrato da mulher que recriou o mito do vampiro e encantou mulheres de diferentes gerações.