Diego
Medina
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Gustavo Kuerten, o moço que conquistou o bicampeonato de Roland Garros,
em Paris, neste ano, caiu na primeira rodada do Aberto dos Estados
Unidos, em Nova York, ontem.
Muita gente ficou chocado, é claro; surpreso mesmo, pois Kuerten havia
nos convencido de que é, de fato, um dos melhores tenistas de todos os
tempos.
Havia dito também que aprendera a tomar vantagem de ser o favorito Que o
fato de ser considerado favorito não era mais algo que o pressionava,
mas que fazia com que intimidasse os adversários.
Nas fotos, na TV, ele sempre mostra que está se divertindo em quadra. E
diz isso, que é uma diversão entrar em quadra e dar o melhor de si.
No ranking desta temporada, ele é o número um. Ganhou, finalmente, um
título em uma quadra de piso rápido, que não era sua especialidade.
Então como ele perdeu ontem?
Mais: perdeu para um sujeito que é o número 97 do ranking mundial. Um
tenista que precisou passar pelo torneio qualificatório ficar entre os
128 da chave masculina de simples.
O técnico Larri Passos já havia dito várias vezes que seu pupilo havia
superado a instabilidade emocional. Que a falta de concentração já não
atingia mais Kuerten nos seus momentos mais difícieis.
Então, como ele perdeu?
O problema, caro amigo, a confusão, o choque sofrido diante da notícia
da derrota de Kuerten, não se deve ao que você pensa (ou pensava) dele.
Mas sobre o que ele pensa dele próprio.
Contra Arthurs, que jogou muito bem contra Kuerten e de maneira
inteligente, o brasileiro não foi nada daquilo que ele mesmo diz e
mostra ser.
Não se divertiu, não mostrou empolgação, não mostrou todo o seu talento,
não mostrou que o fato de ser cabeça-de-chave número dois não o
atrapalha.
"Não pude me concentrar. Estive o tempo todo pensando em outras coisas",
revelou o número um depois da eliminação no último Grand Slam do ano.
Por que ele perdeu? Arthurs jogou bem, mesmo, pressionando o brasileiro
nos momentos em que estava por cima. E Kuerten não jogou nada do que
está acostumado a jogar, do que sabe jogar.
Um dia, um Kuerten "Arthurs" bateu Yevegeny Kafelnikov, Thomas Muster,
Sergi Bruguera e ganhou Roland Garros. Ontem, oras, um Wayne Arthurs
bateu Gustavo Kuerten.
*
Kuerten não está mais dando suas raquetadas, mas muita gente boa e que
merece nossa atenção continua movimentando o Arthur Ashe Stadium e as
quadras adjacentes.
Os norte-americanos são os personagens mais interessantes daqui para a
frente.
No feminino, Serena Williams é a pessoa a ser vista. Campeã na edição do
ano passado, a tenista mais nova da família Williams tem sofrido com
contusões, mas, sem dores, é um show à parte em Nova York, onde adora
jogar.
No masculino, entre um refrigerante americano e um hot dog, vale uma
olhada em Andre Agassi e em Pete Sampras.
Em casa, os norte-americanos crescem (Todd Martin foi finalista no ano
passado, lembre-se). Mas, se Nova York é a cidade mais mundial do mundo,
os suecos, Thomas Enqvist e Magnus Norman à frente, podem fazer da
cidade a sua casa.
Notas
SÁ
André Sá estreou bem com uma vitória de virada sobre o suíço Michel
Kratochvil. Foi sua primeira vitória em Grand Slams nesta temporada.
Pela frente, o holandês Richard Krajicek. Como convém a um bom jogador,
mostra esperança: "É acreditar e jogar o que sabe", afirmou seu técnico,
Fernando Roese.
ONCINS, PRIETO
Na chave de duplas, Jaime Oncins e Antonio Prieto estão na briga do
Aberto dos EUA. Oncins joga com seu parceiro habitual, o argentino
Daniel Orsanic. Prieto faz dupla com o sul-africano Marcos Ondruska.
MELIGENI
Falando em técnico, Ricardo Acioly, de Fernando Meligeni, já prepara o
roteiro do tenista para o fim da temporada. Meligeni vai para a Europa
disputar três torneios. Depois, volta ao Brasil e se dedica a algumas
etapas da Copa Ericsson.
E-mail: reandaku@uol.com.br
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