À mídia brasileira em Montmeló, Barrichello resolveu
"esclarecer" algumas dúvidas que estão surgindo em torno de
sua performance, considerada por muitos não mais do que regular.
O principal foco do piloto, naturalmente, foram as críticas
sobre sua capacidade de preservar o carro. Para muitos, pura
matemática: em quatro corridas, duas quebras, enquanto o alemão
cruzou quatro linhas de chegada.
Barrichello usou um argumento razoável em sua defesa, o de
que a Ferrari deseja muito um bom desempenho seu na pista
para poder confirmar as qualidades do modelo desta temporada.
Por enquanto, e nisso o piloto tem razão, boa parte do crédito
está sendo dada ao alemão.
O que conta a favor de Barrichello é a pole de Silverstone,
obtida em circunstâncias adversas, com 22 carros na pista,
comprovando, em tese, que o problema não é habilidade e não
é mesmo.
Também do lado do brasileiro está o fato de que Schumacher
sofreu panes hidráulicas nesta temporada, notadamente em Interlagos,
onde só não perdeu a vitória porque o engenheiro responsável
por sua telemetria teve a brilhante idéia de sugerir frequentes
mudanças de traçado para manter o sistema em funcionamento.
Aqui, porém, entra um detalhe interessante, fundamental para
entender como a escuderia pode tratar seus pilotos de forma
igual e, ao mesmo tempo, diferente.
Naquele dia em São Paulo, Brawn (ele próprio admitiu isso
depois) chegou a acreditar que a corrida estava perdida. Pouco
antes, Barrichello abandonara, e o problema parecia crônico.
Mas, então, veio a idéia do técnico. E ela só foi colocada
em prática porque o chefe acreditou que seu piloto era capaz
de cumprir tamanha maluquice com sucesso.
Barrichello mereceria esse voto de confiança? Eis a dúvida
que o piloto está tentando dirimir desde que chegou a Maranello.
Não interessa à Ferrari manter Barrichello distante de Schumacher
com um campeonato difícil pela frente. Nem ao alemão, que
obviamente prefere o companheiro de equipe no seu espelho
do que algum rival da McLaren.
Portanto, Barrichello precisa fugir dos argumentos fáceis,
favorecimento e falácias do gênero, pois eles não se sustentam
e, como aconteceu em Imola, causarão choque com a cúpula ferrarista.
Barrichello só poderá reclamar alguma coisa no momento em
que reconhecidamente tiver condições de ameaçar o alemão.
Por enquanto, o negócio é comer pelas beiradas e ficar quieto.
Ir bem nas classificações, por exemplo, já é um bom início,
pois Schumacher não é de privilegiar treinos, os números de
sua carreira na F-1 mostram bem isso.
E se, como gostam de dizer os pilotos, corrida é outra história,
que ela seja contada depois.
Enfim, seria mais sensato Barrichello deixar o imediatismo
para o público. A Ferrari reconhece suas qualidades, tanto
que o contratou. No momento, isso basta.
NOTAS
Interlagos
Reportagem publicada no último domingo
por "O Estado de São Paulo" escancarou a fábrica de dinheiro
que são as instalações temporárias no autódromo paulistano.
Com o dinheiro gasto todos esses anos, seria possível construir
outro autódromo, e em melhores condições. O MP investiga os
contratos, mas o problema, todos sabem, não está só em Interlagos.
É de toda a cidade.
Pizzonia
O "Jungle Boy" da F-3 inglesa ganhou teste na Benetton, e
a mídia britânica já especula que ele possa seguir os passos
de Button, tirando a vaga de Wurz ainda neste semestre. O
piloto nega já ter assinado qualquer contrato, mas Briatore
é conhecido por mudanças repentinas fez isso com Schumacher,
é bom lembrar. A boataria é tamanha que os brasileiros e empresários
envolvidos com a F-3000 já torcem o nariz ao comentar tal
possibilidade.
E-mail: mariante@uol.com.br
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