Diego
Medina
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Não, nunca fui golpeado por
Mike Tyson. Nem por qualquer outro pesado, como Evander
Holyfield, Lennox Lewis, ou mes
mo pelo brasileiro Adilson Rodrigues, o Maguila. Por isso mesmo,
às vezes é difícil quantificar a força dos socos de um pesado.
Mas qualquer um que tenha
participado de alguma competição, mesmo que somente como
amador, sabe que o soco com que
Tyson derrubou Lou Savarese, no
sábado, não havia sido um golpe
fulminante, para derrubar.
Tudo bem, Tyson ainda mantém uma pegada fenomenal (isso
é a última coisa que um pugilista
perde), mas desde quando um solitário golpe na testa provoca queda? E Savarese nem estava desequilibrado naquele momento.
Foi como se os verdadeiros responsáveis pela visita de Savarese
à lona tivessem sido os fortes ventos e a chuva que castigavam o estádio em Glasgow, onde a luta
foi disputada. Ficou parecendo
que Savarese é um seguidor de
Bruce Seldon, que em 1996 se jogou (de maneira mais escandalosa, é verdade) no chão durante
combate por título com Tyson.
Isso não significa, de maneira
alguma, que a apresentação foi
armada (Tyson não necessitaria
disso neste tipo de luta), mas prova que Savarese não era um adversário qualificado para enfrentar o Iron Mike. A equipe de
Tyson precisa selecionar com
mais cuidado os adversários do
ex-campeão, se quer que ele tenha chance de recuperar o título.
Lou Savarese, por exemplo, já
estava aposentado quando o convidaram para enfrentar Tyson.
Seu último combate, uma derrota
por pontos para Mike Grant, havia sido há cerca de um ano.
Por isso mesmo as bolsas de
apostas apontavam favoritismo
de Tyson na proporção de 20 para
1. O oponente anterior, Julius
Francis, após ser surrado por
Tyson, perdeu para um rival que
tinha menos de dez combates.
Qual a evolução que Tyson pode mostrar contra rivais que não
exigem nada defensivamente?
Após demolir Savarese, Tyson
disse que iria arrancar o coração
do campeão mundial dos pesados, Lennox Lewis, e comer seus
filhos. Mas quem fez o melhor
comentário sobre a situação foi o
técnico de Lewis, Emanuel Steward. Enquanto o público pagar
para assistir o show itinerante de
Tyson, ele não precisará enfrentar rivais de verdade.
De todo modo, negociações na
direção de um combate entre Lewis e Tyson já estão em andamento. Um dos empresários de
Lewis, Panos Eliades, ofereceu
US$ 23,6 milhões ao norte-americano para enfrentar o seu atleta.
O combate aconteceria em março, pois antes Lewis tem dois compromissos. No próximo dia 15 defende os cinturões contra o Búfalo Branco Frans Botha, que vem
ganhando credibilidade no meio
pugilístico, e, em novembro, enfrenta o primeiro da ranking da
FIB (Federação Internacional de
Boxe), David Tua, chamado por
parte da imprensa especializada
de o novo Tyson, por causa da
potência dos golpes.
Se ainda não é desta vez que vai
enfrentar o original, Lewis pelo
menos vai se mantendo em forma
contra um similar de Tyson e adversários de algum nível. O mesmo não pode ser dito, por enquanto, do verdadeiro Tyson.
notas
Tyson 1
Se não teve problemas com
Savarese, Tyson agora enfrenta as consequências de
duas sessões de sparring não-
oficiais. A Federação Inglesa
de Boxe convocou Tyson para prestar esclarecimentos
sobre o fato de ter continua
do a golpear Savarese e de teraplicado uma queda no árbitro John Coyle, após o encerramento do combate. Os comentários de Tyson sobre
Lennox Lewis também irrita
ram os membros da federação. O ex-campeão tem até o
dia 31 de agosto para dar suas
explicações.
Tyson 2
Circulam nos bastidores que
custou caro a suposta agressão de Tyson ao promotor de
lutas Frank Warren. O inglês
teria recebido US$ 5 milhões
do pugilista para não abrir
processo, o que poderia colocar em risco a liberdade do
norte-americano.
E-mail: eohata@folhasp.com.br
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