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Diego
Medina
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As dificuldades econômicas, as trapalhadas de gabinete de
última hora e a habitual desinformação contribuíram
para envolver o basquete feminino em uma redoma de pânico.
"O
Nacional acabou!", "Sydney foi para o brejo!" e "Deus
nos acuda!", diziam mensagens à coluna na turbulenta
semana passada.
Manter o pé atrás não faz mal a ninguém.
Mas é preciso tomar cuidado para não se deixar tomar
pela histeria e pelo derrotismo. Principalmente quando se trata
da mídia e de gente do esporte.
O primeiro "alerta vermelho" soou no dia 2, quando saiu
a lista das inscritas no próximo campeonato da WNBA. Cinco
brasileiras foram relacionadas, todas do núcleo olímpico:
Janeth, Claudinha, Alessandra, Cintia Tuiú e Marta.
Bate-pronto, dirigentes, comissão técnica e imprensa
(?!) alardearam a implosão do planejamento. "Impossível"
, choraram, deixar a equipe competitiva e entrosada, uma vez que
o torneio norte-americano acabará quatro semanas antes da
Olimpíada.
De fato, a ausência do quinteto tirou o propósito da
programação do treinador Antonio Carlos Barbosa e
da Confederação Brasileira, pela qual a seleção
já se reuniria neste mês. Não dá para
conceber um treino de garrafão sem Alessandra, Tuiú
e Marta _ao lado de Kelly, as atletas que o Brasil efetivamente
usará na guerra por rebotes na Austrália. Nem um exercício
de ataque sem Janeth, a referência do time.
Mas daí a dizer que o pódio ficou mais longe é
um exagero.
À exceção das cubanas, todas as rivais com
chances de medalha, inclusive as anfitriãs, terão
de cortar sua preparação nos próximos meses
por conta da WNBA.
Ademais, o Brasil tende a lucrar com o intercâmbio. O que
vale mais para Tuiú? Enfrentar regularmente gigantes norte-americanas
ou fazer treinos táticos com as comadres? Para Claudinha,
que ainda precisa aprender a conduzir um time, qual a melhor escola?
Por fim, onde andava a indignação da CBB e de Barbosa
no semestre passado, quando três dessas cinco "migrantes"
estavam desempregadas, mendigando time até nas Redações
de jornal?
O outro "alarme" foi tocado na quarta-feira, tão
logo o BCN divulgou o fechamento de sua equipe profissional em Osasco,
em propalada represália ao "tapetão" que
balançou o Nacional.
Os desavisados vaticinaram o fracasso do campeonato, previram um
bota-fora de patrocinadores e crucificaram a CBB. Agora que a poeira
está baixando, é bom esclarecer as coisas.
A saída do BCN do cenário profissional realmente preocupa,
sobretudo porque Osasco tem uma sólida estrutura de lapidação
de talentos. Mas, à exceção das atletas que
ficaram na mão, não há sentido em falar em
surpresas.
A implosão do Nacional foi o pretexto, não o motivo
para a decisão do banco. Na verdade, ele já vinha
pisando no freio havia mais de um ano. Não por outro motivo,
dispensou a técnica Maria Helena Cardoso, logo após
o título paulista de 1998, e tolerou a longa fritura de Paula,
que apressou a aposentadoria da estrela.
Resumo: o basquete está atolado há tempos; não
foi agora que entrou em crise. Quem diz o contrário é
ingênuo _ou hipócrita.
NOTAS
Toma!
Um dia após o desmanche do Osasco, o Vasco anunciou a criação
de uma equipe feminina, com investimento de R$ 180 mil mensais.
Resgatou Maria Helena Cardoso e já manifestou o desejo de
incorporar não só as atletas abandonadas pelo BCN.
Janeth, do Santo André, também já foi contatada.
Toma!!
Paraná e Santo André fazem a partir de quinta-feira
as finais do Nacional-00. Têm categoria e um passado de rivalidade
com potencial para reerguer a competição. Os jogos
terão transmissão da TV: Bandeirantes e/ou Sportv.
Toma!!!
Com o melhor currículo da história do basquete nacional,
Janeth foi recebida ontem pelo presidente Bill Clinton, na Casa
Branca.
E-mail:
melk@uol.com.br
Leia
mais:
Leia as colunas anteriores:
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- Joalheria
25/04/2000
- A temperatura das mãos
02/05/2000
- A Vasco x Vasco + Vasco = ?
09/05/2000
- A Lista dos Romários
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