Apesar de oferta do Iraque, árabes ainda temem uma guerra
da Reuters, no Cairo (Egito)Os árabes mostraram hoje preocupação de que o presidente americano George W. Bush esteja disposto a seguir os passos de seu pai e ir à guerra contra o Iraque, apesar da nova oferta de Bagdá permitindo o retorno de inspetores de armas da ONU (Organização das Nações Unidas).
"Não faz diferença se eles deixarem a ONU entrar. O que quer que façam, serão atacados", disse Ahmad Haidar, 23, um estudante libanês de pós-graduação. "Bush colocou na cabeça que quer bombardear o Iraque e pronto. Isso é de família", acrescentou, numa referência à Guerra do Golfo, em 1991, quando George Bush pai comandou as forças aliadas que expulsaram os iraquianos do Kuait.
O presidente iraquiano, Saddam Hussein, sob pressão internacional e ameaçado pelos Estados Unidos, aceitou ontem readmitir incondicionalmente inspetores de armas da ONU, após uma ausência de quatro anos.
Mas os Estados Unidos e o Reino Unido receberam a iniciativa de Bagdá com ceticismo. Washington disse que ainda pressionaria por uma nova resolução da ONU exigindo acesso livre aos inspetores.
A maioria dos árabes recebeu bem a oferta iraquiana, mas as esperanças de que a guerra poderia ser evitada são acompanhadas de temores de que a ação militar ocorrerá de qualquer maneira. "Este é o começo de um processo para aliviar as tensões", disse o chanceler egípcio, Ahmed Maher.
O presidente da Liga Árabe, Amr Moussa, que já disse que um ataque americano "abriria as portas do inferno" no Oriente Médio, também elogiou a decisão do Iraque.
A Jordânia disse que a oferta iraquiana era "um passo positivo para construir um diálogo entre o Iraque e a ONU" e disse ter esperanças de que isso levaria a uma resolução da crise por meio da diplomacia.
Estados árabes têm dito que se opõem a um ataque americano a Bagdá, o que poderia criar protestos nas ruas de seus países e instabilidade doméstica.
Por outro lado, eles exigiam que o Iraque aceitasse a volta dos inspetores para provar que não vem desenvolvendo armas de destruição em massa.
O presidente sírio, Bashar al-Assad, convocou Washington a parar de rufar "os tambores da guerra'' e a trabalhar com a ONU para evitar o conflito.
A Síria, assim que como muitos países árabes, dizem que os Estados Unidos não devem insistir que o Iraque cumpra as resoluções da ONU, a menos que faça o mesmo com relação a Israel, que desobedece resoluções que ordenam a sua retirada de territórios árabes ocupados na guerra de 1967.
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