Reuters
27/12/2002 - 08h37

Coréia do Norte acusa EUA de buscarem confronto

da Reuters, em Seul

A Coréia do Norte acusou os Estados Unidos hoje de estarem provocando um confronto extremamente perigoso na tentativa de derrubar o regime comunista norte-coreano.

A saraivada de acusações partiu da agência oficial de notícias da Coréia do Norte, a KCNA. "Os Estados Unidos estão querendo um confronto extremamente perigoso com a Coréia do Norte, dizendo que não aceitam o diálogo nem descartam a guerra", disse a agência.

A Coréia do Norte acaba de tomar a decisão de reativar um reator nuclear capaz de produzir combustível para uma bomba atômica. Os Estados Unidos exigem o cancelamento do programa nuclear para iniciar qualquer negociação. Segundo a KCNA, essa é uma estratégia de Washington para "lançar um ataque-surpresa e derrubar o sistema político".

Na segunda-feira (23), o secretário de Defesa dos EUA, Donald Rumsfeld, disse que seu país está preparado para lutar e vencer duas guerras simultaneamente -a outra, iminente, seria contra o Iraque.

O jornal "China Daily" disse que a possibilidade de que os EUA lutem duas guerras simultaneamente é "um alerta belicoso e perigoso". Segundo o diário, o comentário de Rumsfeld "vai envenenar as relações cada vez mais calorosas entre os dois lados da península coreana".

Na Coréia do Sul, Roh Moo-hyun, recém-eleito presidente com a promessa de retomar o diálogo com o Norte, disse que o regime comunista deve desativar todo o seu equipamento nuclear.

"Se as preocupações dos sul-coreanos com o Norte crescerem, este governo e o novo ficarão de mãos atadas e o diálogo Norte-Sul sofrerá um impacto negativo", afirmou.

A ONU disse ontem que a reabertura do reator nuclear de Yongbyon, 90 quilômetros ao norte de Pyongyang, é altamente preocupante. Esse reator é pequeno, com capacidade para cinco megawatts, porém capaz de enriquecer plutônio. Ele estava lacrado desde 1994, por conta de um acordo de não-proliferação nuclear com os EUA.

A Coréia do Norte disse que reativou a usina apenas para produzir eletricidade, compensando desta maneira o petróleo que os Estados Unidos deixaram de fornecer, justamente por causa do temor de que o país esteja produzindo uma bomba atômica.

Washington diz que o impasse pode ser resolvido pela diplomacia e vem pedindo à China e à Rússia que usem sua influência junto ao governo de Pyongyang. Ontem, porém, um funcionário do governo Bush disse que Pequim e Moscou não estão demonstrando boa vontade neste caso.

Em janeiro, a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA, um órgão da ONU) deve apresentar a questão da Coréia do Norte ao Conselho de Segurança.

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