Reuters
14/01/2003 - 08h32

EUA interrompem ajuda alimentar à Coréia do Norte

da Reuters, em Nova York

Os Estados Unidos suspenderam a ajuda alimentar à Coréia do Norte, argumentando que ela não estava chegando aos mais necessitados. Segundo autoridades do país asiático, Washington quer que o regime comunista norte-coreano aceite se submeter à mesma fiscalização dedicada a outros países que recebem ajuda.

Os EUA querem criar um sistema aleatório de fiscalização, para garantir que não haja uso político da ajuda. Hoje, a Coréia do Norte exige uma notificação das fiscalizações com seis dias de antecedência.

Washington também pede uma lista de instituições que estão sendo ajudadas e quer o direito de fazer pesquisas nutricionais para avaliar corretamente as necessidades de cada região -atualmente, 20% do país é deixado de fora das pesquisas, feitas pelo próprio governo comunista.

A notícia surge no momento em que a Coréia do Norte acaba de abandonar o Tratado de Não-Proliferação Nuclear e de expulsar os inspetores da Organização das Nações Unidas (ONU), destruindo as câmeras de vigilância instaladas em uma usina capaz de produzir urânio enriquecido com fins bélicos.

O misterioso sistema norte-coreano de distribuição da ajuda vem sendo cada vez mais um problema nas relações entre Estados Unidos e Coréia do Norte. Andrew Natsios, diretor da Agência de Desenvolvimento Internacional dos EUA, diz que o corte na ajuda foi suspenso no último dia de 2002 e nada tem a ver com o impasse nuclear. "Queremos ser generosos. Há muita gente com fome na Coréia do Norte", disse ele.

Richard Boucher, porta-voz do Departamento de Estado, afirmou mais tarde que "não estamos cortando comida". "Queremos continuar sendo doadores significativos e também continuar trabalhando com o Programa Mundial de Alimentos, para garantir que (a comida) chegue aos que necessitam."

Segundo Natsios, a suspensão da ajuda não vai criar uma crise alimentar na Coréia do Norte, já que a produção local de alimentos vem crescendo e a fome generalizada foi eliminada desde 1998.

No ano passado, os EUA forneceram 155 mil toneladas de alimentos à Coréia do Norte. Para 2003 ainda não havia quantidade pré-determinada, mas Washington queria que doadores em todo o mundo reunissem 500 mil toneladas.

Natsios disse que Washington vai impor quatro condições para que a ajuda seja retomada, mas fontes do governo disseram mais tarde que a ajuda pode ser embarcada mesmo que tais condições não sejam cumpridas.

Um funcionário que pediu anonimato disse que a decisão deve sair "nos próximos meses". "Depende da demanda mundial, da disponibilidade de recursos e de nosso nível de confiança em que a ajuda esteja chegando a seus supostos beneficiários."

Uma das exigências dos EUA é que Washington possa enviar seus próprios tradutores à Coréia do Norte, pois hoje a mediação com a população é feita pela agência norte-coreana de segurança interna.


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