Reuters
30/01/2003 - 16h16

Tensão no Iraque não atrapalha planos para ano novo chinês

da Reuters, em Bancoc (Tailândia)

Enquanto os governos ocidentais aconselham seus cidadãos a tomar cuidado com as viagens, a Ásia chega, amanhã, ao ano novo lunar do calendário chinês, a época mais movimentada do turismo local, sem nenhuma preocupação com a possibilidade de uma guerra no Iraque e com a tensão na Coréia do Norte.

Sentada sob os anúncios de néon da movimentada Chinatown de Bancoc, na Tailândia, a chinesa Lin Sae Tang afasta qualquer temor imediato.

"A única coisa que me impede de ir para casa em Hangzhou é o dinheiro que eu posso ganhar mantendo o meu restaurante aberto", disse Lin, que vive na capital da Tailândia.

A festa, que representa a maior migração temporária da Ásia, começa na véspera do ano novo chinês, comemorado no dia 31 de janeiro.

Só na China, centenas de milhões de pessoas devem viajar no feriado para ver parentes ou fazer turismo ao longo da semana.

Outros países onde vivem populações chinesas também devem ter movimento extra.

"As preocupações com a segurança tiveram um efeito absolutamente mínimo nos planos de viagem dos asiáticos para o ano novo chinês", disse Imtiaz Muqbil, da consultoria tailandesa Travel Impact Newswire.

Em Cingapura, onde grande parte da população é chinesa, as reservas para Malásia, Tailândia e Bali estão completas, como de costume nesta época. Em Hong Kong, as autoridades disseram que mil vôos extras foram colocados à disposição de quem vai a lugares como Taipé, Xangai e Bancoc.

Também na China comunista a quantidade de turistas vem crescendo, e Hong Kong é um dos destinos mais populares. Em Taiwan, os agentes também não detectaram nenhum impacto da tensão internacional.

Mesmo Bali (Indonésia) e Phuket (Tailândia), onde ocorreram atentados ou ameaças nos últimos meses, continuam sendo destinos populares. "As reservas continuam em alta, especialmente no trecho Bangkok-Phuket", disse um funcionário da companhia Thai Airways. "A linha Bangkok-Bali também já voltou a seu nível normal, de 70% de ocupação".

Desde os atentados de 11 de setembro de 2001, a quantidade de asiáticos que visitam a Europa e os Estados Unidos vem caindo. Os turistas estão substituindo esses destinos ocidentais por lugares no próprio continente.

"Cada crise representa uma oportunidade, e esta foi uma grande oportunidade para países como a Tailândia", disse o ministro dos Transportes do país, Suriya Jurgrungreangkit.

Segundo dados divulgados hoje pela Organização Mundial do Turismo, a região Ásia-Pacífico ultrapassou as Américas em 2002 como a região mais popular do mundo, depois da Europa. O turismo interno na região responde por dois terços do movimento.

Só na China, o tráfego cresceu mais de 11% nos 11 primeiros meses de 2002 -foram 90 milhões de viagens. O turismo externo para o país aumentou em 23,4%, segundo Joseph Tung, presidente do Conselho da Indústria do Turismo de Hong Kong.

Em comparação com esses números, disse ele, "outros destinos no mundo se acham sortudos se conseguirem crescer 3% ou 4%.

Mas ainda assim uma guerra no Iraque pode atingir o setor. Mesmo um conflito curto diminuiria a presença de turistas europeus e norte-americanos. Caso a guerra se prolongue, com impacto sobre o preço do petróleo e a cotação das moedas, o impacto pode ser devastador.

O pior pesadelo para os operadores são os atentados, mesmo em locais distantes. "O que acontece quando as pessoas vêem todos aqueles corpos em diferentes partes do mundo? Quando você se sente inseguro, você fica em casa", disse Muqbil.

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