Saltar para o conteúdo principal

Publicidade

Publicidade

 
 
  Siga a Folha de S.Paulo no Twitter
30/01/2003 - 12h16

França minimiza importância de apoio de 8 países europeus aos EUA

da Folha Online

A França minimizou hoje a importância da carta aberta de oito dirigentes europeus que apóiam os Estados Unidos na crise iraquiana, ao estimar que não apresenta "surpresas" e que "há muitas coisas que a França poderia ter assinado.

Os dirigente que assinaram a carta foram José Maria Aznar (Espanha), José Manuel Durão Barros (Portugal), Silvio Berlusconi (Itália), Tony Blair (Reino Unido), Vaclav Havel (República Tcheca), Peter Medgyessy (Hungria), Leszek Miller (Polônia) e Anders Fogh Rasmussen (Dinamarca).

"Não há surpresa nesse texto, que tem coisas que a França teria podido assinar e inclusive escrever, em relação ao desarmamento iraquiano. É um objetivo que compartilhamos claramente e que reafirmamos constantemente", disse o governo.

"Entretanto, no estado atual do caso, nada justificaria uma ação militar no Iraque", acrescentou.

O Palácio do Eliseu lembrou também que o texto foi firmado por oito dirigentes europeus, de um total de 25, e por vários dirigentes dos países do Leste, que ainda não são membros da União Européia (Polônia, Hungria e República Tcheca).

UE

Pela manhã, o Parlamento europeu declarou em Bruxelas (Bélgica) sua "oposição a toda ação militar unilatera" no Iraque, em uma resolução aprovada por 287 votos a favor e 209 contra. A declaração aprovada diz que um "ataque preventivo contradiz o direito internacional e a Carta das Nações Unidas".

"Um ataque contra o Iraque "daria lugar a uma crise mais profunda, que implicaria outros países da região", diz a declaração. "É preciso fazer todo o possível para evitar as ações militares".

A Assembléia parlamentar do Conselho da Europa também considerou hoje que "o recurso à força contra o Iraque não se justifica nas circunstâncias atuais".

Ontem, vários parlamentares europeus reprovaram os Estados Unidos por ainda não terem apresentado ao Conselho de Segurança da ONU (Organização das Nações Unidas) e aos inspetores de desarmamento as provas que dizem possuir da existência de armas de destruição em massa no Iraque.

"Não se compreende por que o presidente norte-americano, George W. Bush, oferece provas dois meses depois de iniciadas as inspeções da ONU no Iraque. Por que não o fez antes?", questionou o porta-voz do grupo socialista do Parlamento Europeu, Enrique Barón, durante um debate sobre a crise no golfo Pérsico.

Reuters - 29.jan.2003
Membros do Parlamento Europeu manifestam-se contra possível guerra dos EUA contra o Iraque. "Velha Europa, sim. Não à guerra por petróleo", dizem cartazes


O eurodeputado alemão Elmar Brok pediu que 'os inspetores da ONU tenham as mesmas informações que aqueles que alegam existirem armas', referindo-se aos Estados Unidos. "Como vão desarmá-los se nem os inspetores têm todas as informações para alcançar seu objetivo?", perguntou Brok, presidente da comissão parlamentar de Relações Exteriores.

O alto representante para a Política Externa e de Segurança da União Européia (UE), Javier Solana, pediu "que se discutam as informações que existem neste momento, e que elas cheguem aos inspetores".

"Exigimos do governo americano que, se ele tiver informações sobre o armamento do Iraque, remeta-as ao Conselho de Segurança", afirmou o porta-voz do grupo popular (conservador), Hans-Gert Poettering.

Crise

Os Estados Unidos e o Reino Unido acusam o Iraque de ter um arsenal de armas químicas e biológicas que vai contra as determinações da ONU, e de estar construindo instalações para fabricar mais armamentos. Ademais, Saddam é acusado pelos dois países de ter fortes relações com grupos terroristas que são capazes de utilizar "armas de destruição em massa". Bagdá nega as acusações.

O desarmamento dos arsenais de destruição em massa e mísseis iraquianos foi determinado pela ONU após a Guerra do Golfo (1991) como uma punição ao Iraque, que invadiu o Kuait em 1990.

Entre 1991 e 1998, a Comissão Especial da ONU para o Desarmamento do Iraque visitou dezenas de locais e destruiu grande quantidade de armas.

O Iraque aceitou de forma incondicional a nova resolução da ONU, chamada de resolução 1441, aprovada por unanimidade pelo Conselho de Segurança no dia 8 de novembro.

A resolução determinou a entrada de inspetores de armas no país, com acesso ilimitado a todo e qualquer local suspeito de produzir armas químicas, biológicas ou nucleares -inclusive os palácios do governo iraquiano. Caso contrário, o Iraque enfrentará "sérias consequências".

Até o momento, os inspetores de armas não encontraram nenhum tipo de prova contra o Iraque, embora tenham afirmado na segunda-feira (27), por meio do chefe do grupo, Hans Blix, que o país não estava cooperando tanto quanto deveria.

Bush prometeu apresentar na quarta-feira (5) ao Conselho de Segurança provas reais de que o Iraque possui armas de destruição em massa. Tanto os EUA como o Reino Unido já anunciaram anteriormente possuir tais provas, mas nunca nenhum tipo de documento foi apresentado publicamente.

Passado

Fotomontagem
Condoleezza Rice, assessora dos EUA para assuntos de segurança, George W. Bush, presidente dos EUA, e o vice-presidente Dick Cheney
O Iraque está localizado em um território que é o segundo maior campo de petróleo do mundo, e muitos dizem que o principal interesse dos EUA está no produto, inclusive líderes de países europeus e de outras partes do mundo. Verdade ou não, o passado do presidente norte-americano acaba deixando dúvidas sobre seu real interesse em derrubar o presidente Iraquiano, Saddam Hussein. Bush atuou como alto executivo da empresa petrolífera Arbusto Energy/Bush Exploration entre 1978 e 1984. Mais tarde, trabalhou como executivo-sênior da companhia petrolífera Harken (1986-1990).

Seu vice, Dick Cheney, também já esteve diretamente ligado ao setor petrolífero no período de 1995 a 2000. Ele foi executivo-chefe da companhia petrolífera Halliburton. Ademais, a conselheira norte-americana para assuntos de segurança nacional de Bush, Condoleezza Rice, atuou como executiva-sênior da companhia petrolífera Chevron, que batizou um petroleiro com o nome dela, entre 1991 e 2000.

Com agências internacionais

Leia mais
  • Bancos de esperma dos EUA fazem promoção
  • França minimiza apoio europeu aos EUA
  • Provas dos EUA terão base em suposições, diz jornal
  • Europa vota contra "toda ação militar unilateral"
  • Filho de Bin Laden casou-se na Arábia Saudita
  •  

    Publicidade

    Publicidade

    Publicidade


    Voltar ao topo da página