EUA e Reino Unido tentam aprovar nova resolução na ONU
da Reuters, em Nova YorkOs Estados Unidos e o Reino Unido prepararam uma nova resolução para ser apresentada à ONU (Organização das Nações Unidas), em busca de apoio a um possível ataque ao Iraque. A proposta deve enfrentar resistência de outros países do Conselho de Segurança.
Diplomatas disseram que o texto só deve ser apresentado oficialmente amanhã, depois do debate público envolvendo os países que não têm assento no Conselho de Segurança, como o Brasil. Essa sessão, com início hoje, pode se prolongar até a madrugada de amanhã e deve resultar em mais críticas aos planos anglo-americanos de guerra.
Ontem, os embaixadores dos Estados Unidos e do Reino Unido na ONU, John Negroponte e Jeremy Greenstock, se reuniram para discutir uma estratégia conjunta, inclusive com a redação da resolução.
A reunião de hoje foi convocada pela África do Sul, atual presidente do Movimento Não-Alinhado, que reúne 115 países subdesenvolvidos.
"Não temos força militar ou financeira, mas podemos nos unir ao movimento global para nos opor à guerra em termos morais", disse o primeiro-ministro malaio, Mahathir Mohamad, que assume a presidência do grupo na próxima semana.
A possibilidade de aprovar rapidamente uma resolução que autorize a guerra diminuiu consideravelmente na semana passada, por causa do moderado relatório apresentado pelo inspetor-chefe de armas da ONU, Hans Blix, ao Conselho de Segurança.
No começo do mês, Washington falava em uma resolução que autorizasse o uso da força. Depois, passou a se contentar com uma que mencionasse a "violação material" por parte do Iraque das resoluções da ONU, o que daria base para o ataque. Agora, alguns diplomatas já mencionam a expressão "violação flagrante", mais amena, e sugerem o estabelecimento de um ultimato para que o Iraque entregue suas supostas armas de destruição em massa.
Outra opção ventilada recentemente, a de um ultimato para a renúncia do presidente iraquiano, Saddam Hussein, parece improvável, pois equivaleria a uma ordem para que o regime fosse mudado -interferência que a maioria dos 15 membros do Conselho de Segurança admite ser ilegal.
A autorização da ONU para um possível conflito é politicamente importante para o Reino Unido e outros países europeus que apóiam os Estados Unidos. No fim de semana, milhões de pessoas se manifestaram contra a guerra em todo o mundo.
Ontem, o presidente francês, Jacques Chirac, voltou a dizer que não apoiará uma nova resolução pela guerra na ONU. "Consideramos que a guerra é sempre, sempre a pior opção", afirmou Chirac, cujo país tem poder de veto no Conselho de Segurança.
O governo norte-americano acha que tem condições de conseguir os nove votos necessários entre os 15 do Conselho de Segurança para aprovar a resolução. Nessa hipótese, o país se arriscaria a sofrer um veto da França, da Rússia ou da China.
Mas o debate da última sexta-feira (14) mostrou que, por enquanto, a aliança anglo-americana só tem o apoio da Espanha e da Bulgária no Conselho de Segurança. Entre os demais, há apoio à posição francesa ou indecisão.
Ontem, em Bruxelas, os 15 países da União Européia apararam suas arestas e emitiram um comunicado alertando o Iraque que as inspeções não podem prosseguir indefinidamente, e que a guerra é uma possibilidade. Não houve acordo, porém, sobre um ultimato a Saddam.
O Reino Unido queria um comunicado duro contra Saddam, e conseguiu apoio de Espanha, Dinamarca, Itália e Portugal. Já a posição antiguerra da França foi seguida por Alemanha, Bélgica, Suécia, Finlândia, Áustria, Luxemburgo e Grécia.
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