Reuters
12/03/2003 - 10h27

Premiê sérvio é morto a tiros em Belgrado

da Reuters, em Belgrado

O primeiro-ministro da Sérvia, Zoran Djindjic, foi assassinado hoje, do lado de fora da sede do governo em Belgrado, afirmou um membro do partido dele.

"Ele está morto", disse o integrante do Partido Democrático.

Reuters
o premiê Zoran Djindjic, morto a tiros em Belgrado, hoje
Djindjic, 50, um reformista que desempenhou um papel de destaque na deposição de Slobodan Milosevic da Presidência iugoslava, recebeu dois tiros no peito. Os disparos foram feitos por um franco-atirador, disse a polícia.

A rádio B92 afirmou que o premiê recebeu um tiro nas costas e outro no estômago.

Djindjic havia sobrevivido a um incidente ocorrido no mês passado. Um caminhão, aparentemente desgovernado, investiu contra um comboio de carros no qual estava o premiê.

O dirigente sugeriu então que o incidente teria sido uma tentativa de assassinato em razão dos esforços das autoridades no combate ao crime organizado, cuja força aumentou muito durante o conturbado governo de Milosevic nos anos 90.

Foi Djindjic que tomou a decisão de enviar Milosevic para o tribunal de crimes de guerra de Haia (Holanda) na metade de 2001. O ex-presidente, fora do poder desde outubro de 2000, é julgado atualmente por crimes contra a humanidade e genocídio cometidos durante as guerras que fragmentaram a Iugoslávia.

A polícia isolou a sede do governo em Belgrado depois dos disparos. Ministros de governo reuniram-se imediatamente em uma sessão de emergência.

A rádio B92 disse que duas pessoas foram detidas por suposto envolvimento no atentado. As autoridades não confirmaram essa informação.

Desavenças

Djindjic, um liberal alinhado com o Ocidente, entrou em choque por diversas vezes com o ex-presidente iugoslavo Vojislav Kostunica, de perfil mais nacionalista, por causa do ritmo das reformas impostas ao país.

O premiê também bateu de frente com Kostunica devido à demissão de chefes de polícia e das forças de segurança e por causa das ameaças do ex-presidente de atacar rebeldes de origem albanesa em uma zona de segurança criada ao longo da fronteira de Kosovo com a Sérvia.

Djindjic deixou parceiros da coalizão governista furiosos em razão de supostas tentativas de aliados dele de, logo depois da derrocada de Milosevic, assumir o controle de empresas estatais mal administradas.

Em todos os três casos, a grande popularidade de Kostunica obrigou Djindjic a retroceder.

O premiê assumiu seu cargo em 2001 e prometeu por várias vezes investir contra o crime organizado e a corrupção.

Djindjic nasceu em Bosanski Samac, na Bósnia. O pai dele era um oficial do Exército do Povo da Iugoslávia. O premiê era casado e tinha dois filhos.

A Sérvia e Montenegro foram as únicas repúblicas que se mantiveram sob o comando da Iugoslávia após seu desmembramento, na década de 90, durante o governo de Slobodan Milosevic, que está sendo julgado pela ONU em Haia, na Holanda, por diversos crimes, incluindo genocídio.

Com agências internacionais

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