Reuters
12/03/2003 - 13h15

Após morte de premiê, Sérvia declara estado de emergência

da Reuters, em Belgrado

O governo sérvio declarou hoje estado de emergência no país depois de o primeiro-ministro Zoran Djindjic, 50, ter sido assassinado, disse o vice-premiê Nebojsa Covic.

"O governo sérvio propôs a imposição de um estado de emergência em todo o território da república da Sérvia", informou Covic a repórteres, após uma reunião de emergência do governo. O Parlamento aprovou a proposta.

Uma autoridade sênior da coalizão que governa o país, a DOS, disse que o governo havia indicado Covic para primeiro-ministro em exercício.

Segundo a imprensa local, todos os vôos saindo do aeroporto de Belgrado foram suspensos.

Reuters
o premiê Zoran Djindjic, morto a tiros em Belgrado, hoje
Djindjic foi assassinado hoje, do lado de fora da sede do governo em Belgrado. "Ele está morto", disse um integrante do Partido Democrático.

O primeiro-ministro, um reformista que desempenhou um papel de destaque na deposição de Slobodan Milosevic da Presidência iugoslava, recebeu dois tiros no peito. Os disparos foram feitos por um franco-atirador, disse a polícia.

A rádio B92 afirmou que o premiê recebeu um tiro nas costas e outro no estômago.

Djindjic havia sobrevivido a um incidente ocorrido no mês passado. Um caminhão, aparentemente desgovernado, investiu contra um comboio de carros no qual estava o premiê.

O dirigente sugeriu então que o incidente teria sido uma tentativa de assassinato em razão dos esforços das autoridades no combate ao crime organizado, cuja força aumentou muito durante o conturbado governo de Milosevic nos anos 90.

Foi Djindjic que tomou a decisão de enviar Milosevic para o tribunal de crimes de guerra de Haia (Holanda) na metade de 2001. O ex-presidente, fora do poder desde outubro de 2000, é julgado atualmente por crimes contra a humanidade e genocídio cometidos durante as guerras que fragmentaram a Iugoslávia.




A polícia isolou a sede do governo em Belgrado depois dos disparos. Ministros de governo reuniram-se imediatamente em uma sessão de emergência.

A rádio B92 disse que duas pessoas foram detidas por suposto envolvimento no atentado. As autoridades não confirmaram essa informação.

Desavenças

Djindjic, um liberal alinhado com o Ocidente, entrou em choque por diversas vezes com o ex-presidente iugoslavo Vojislav Kostunica, de perfil mais nacionalista, por causa do ritmo das reformas impostas ao país.

O premiê também bateu de frente com Kostunica devido à demissão de chefes de polícia e das forças de segurança e por causa das ameaças do ex-presidente de atacar rebeldes de origem albanesa em uma zona de segurança criada ao longo da fronteira de Kosovo com a Sérvia.

Djindjic deixou parceiros da coalizão governista furiosos em razão de supostas tentativas de aliados dele de, logo depois da derrocada de Milosevic, assumir o controle de empresas estatais mal administradas.

Em todos os três casos, a grande popularidade de Kostunica obrigou Djindjic a retroceder.

O premiê assumiu seu cargo em 2001 e prometeu por várias vezes investir contra o crime organizado e a corrupção.

Djindjic nasceu em Bosanski Samac, na Bósnia. O pai dele era um oficial do Exército do Povo da Iugoslávia. O premiê era casado e tinha dois filhos.

A Sérvia e Montenegro foram as únicas repúblicas que se mantiveram sob o comando da Iugoslávia após seu desmembramento, na década de 90, durante o governo de Slobodan Milosevic, que está sendo julgado pela ONU em Haia, na Holanda, por diversos crimes, incluindo genocídio.

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