Após morte de premiê, Sérvia declara estado de emergência
da Reuters, em BelgradoO governo sérvio declarou hoje estado de emergência no país depois de o primeiro-ministro Zoran Djindjic, 50, ter sido assassinado, disse o vice-premiê Nebojsa Covic.
"O governo sérvio propôs a imposição de um estado de emergência em todo o território da república da Sérvia", informou Covic a repórteres, após uma reunião de emergência do governo. O Parlamento aprovou a proposta.
Uma autoridade sênior da coalizão que governa o país, a DOS, disse que o governo havia indicado Covic para primeiro-ministro em exercício.
Segundo a imprensa local, todos os vôos saindo do aeroporto de Belgrado foram suspensos.
Reuters |
o premiê Zoran Djindjic, morto a tiros em Belgrado, hoje |
O primeiro-ministro, um reformista que desempenhou um papel de destaque na deposição de Slobodan Milosevic da Presidência iugoslava, recebeu dois tiros no peito. Os disparos foram feitos por um franco-atirador, disse a polícia.
A rádio B92 afirmou que o premiê recebeu um tiro nas costas e outro no estômago.
Djindjic havia sobrevivido a um incidente ocorrido no mês passado. Um caminhão, aparentemente desgovernado, investiu contra um comboio de carros no qual estava o premiê.
O dirigente sugeriu então que o incidente teria sido uma tentativa de assassinato em razão dos esforços das autoridades no combate ao crime organizado, cuja força aumentou muito durante o conturbado governo de Milosevic nos anos 90.
Foi Djindjic que tomou a decisão de enviar Milosevic para o tribunal de crimes de guerra de Haia (Holanda) na metade de 2001. O ex-presidente, fora do poder desde outubro de 2000, é julgado atualmente por crimes contra a humanidade e genocídio cometidos durante as guerras que fragmentaram a Iugoslávia.
A polícia isolou a sede do governo em Belgrado depois dos disparos. Ministros de governo reuniram-se imediatamente em uma sessão de emergência.
A rádio B92 disse que duas pessoas foram detidas por suposto envolvimento no atentado. As autoridades não confirmaram essa informação.
Desavenças
Djindjic, um liberal alinhado com o Ocidente, entrou em choque por diversas vezes com o ex-presidente iugoslavo Vojislav Kostunica, de perfil mais nacionalista, por causa do ritmo das reformas impostas ao país.
O premiê também bateu de frente com Kostunica devido à demissão de chefes de polícia e das forças de segurança e por causa das ameaças do ex-presidente de atacar rebeldes de origem albanesa em uma zona de segurança criada ao longo da fronteira de Kosovo com a Sérvia.
Djindjic deixou parceiros da coalizão governista furiosos em razão de supostas tentativas de aliados dele de, logo depois da derrocada de Milosevic, assumir o controle de empresas estatais mal administradas.
Em todos os três casos, a grande popularidade de Kostunica obrigou Djindjic a retroceder.
O premiê assumiu seu cargo em 2001 e prometeu por várias vezes investir contra o crime organizado e a corrupção.
Djindjic nasceu em Bosanski Samac, na Bósnia. O pai dele era um oficial do Exército do Povo da Iugoslávia. O premiê era casado e tinha dois filhos.
A Sérvia e Montenegro foram as únicas repúblicas que se mantiveram sob o comando da Iugoslávia após seu desmembramento, na década de 90, durante o governo de Slobodan Milosevic, que está sendo julgado pela ONU em Haia, na Holanda, por diversos crimes, incluindo genocídio.
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