São Paulo, sábado, 14 de novembro de 2009

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Contos africanos

As histórias da nossa "vizinha" além-mar são cheias de imaginação

CELSO SISTO
ESPECIAL PARA A FOLHA

As histórias contadas de boca em boca na África -tão grande e misturada, como o Brasil- são de todo tipo: de arrepiar, de ficar pensando, de provocar riso, de castigar, de meter medo, de avisar, de explicar o aparecimento das coisas, de chamar para a luta, de lembrar como eram as coisas antigamente.
São histórias tão antigas que ninguém mais sabe quem foi que inventou ou contou primeiro e hoje são histórias de todo o mundo.
Mas estão nas histórias africanas costumes, modos de agir e de pensar, resolver e criar que são dos povos e das pessoas que vivem nos países da África.
Os contos são tradicionais porque revelam coisas comuns daquele lugar e são de um tempo em que as pessoas ainda nem sabiam escrever. Eram transmitidos de boca em boca.
É o caso da lenda do baobá. Dizem que ele é uma árvore de cabeça para baixo, que busca suas forças no infinito dos céus e que dentro dele mora um espírito.
É debaixo dele que os mais velhos discutem e tomam decisões, por isso o baobá também é conhecido como árvore da palavra.

Todos participam
Para não esquecer os contos era preciso explorar a repetição dos episódios, a música, o ritmo, a dança, às vezes uma fórmula para começar e outra para acabar.
O contador convida, e a plateia participa, responde, brinca, adivinha, repete versos e até canta.
Se todos participam, as histórias se renovam, são inventadas de outro jeito, e com tanta emoção, que acabam produzindo um impacto em quem ouve. Assim as histórias ficam (e quem as contou, também)!


O escritor CELSO SISTO tem mais de 40 livros para crianças e jovens e já recebeu diversos prêmios com suas obras.

A "MBIRA"
Esse instrumento, normalmente de madeira e com "teclas" de metal, produz sons mágicos nas mãos de um "gwenyambira", um tocador de "mbira". A unha toca a pontinha do metal, e o som produzido parece o barulho das águas de um rio correndo sobre as pedras lisas. Os músicos aprendem a tocar com seus pais. O povo xona, que vive na beira do rio Zambeze,no Zimbábue, acredita que escutar "mbira" acalma a saudade.

SUNDIATA, UM HERÓI
O império do Mali foi fundado por esse bravo príncipe guerreiro. Com seu exército, ele derrota as forças do mal e cria, de novo, uma nação pacífica. A lenda do século 13 é contada até hoje. O principal adversário de Sundiata é o rei de Sasso, dono de uma extraordinária magia: o poder das trevas e sobre as forças da natureza, combinados coma coragem de uma águia e a astúcia de uma cobra.

A LEBRE
Esse pequeno e ágil animal aparece em muitas histórias africanas. Ela quase sempre consegue o que quer. Sua esperteza é sua marca principal. Por ser um animal pequeno, acaba tendo que usar a inteligência para sair dos apuros em que se mete. Só a tartaruga é tão esperta quanto a lebre na África.

OS GRIÔS
Griôs são os mestres que sabem as coisas antigas, as histórias orais do seu povo. Vistos como poetas, são cantores e músicos. Só pode ser um griô quem nasce numa família de griôs. Esses contadores de histórias da África negra, que cantam, dançam, tocam instrumentos, contam também histórias verdadeiras e por vezes têm que atuar como "sacerdotes" ou juízes, em pequenas brigas do povo.

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