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Contos africanos
As histórias da nossa "vizinha" além-mar são cheias de imaginação
CELSO SISTO
ESPECIAL PARA A FOLHA
As histórias contadas de
boca em boca na África -tão grande e misturada, como o Brasil- são
de todo tipo: de arrepiar, de
ficar pensando, de provocar
riso, de castigar, de meter
medo, de avisar, de explicar
o aparecimento das coisas,
de chamar para a luta, de
lembrar como eram as coisas antigamente.
São histórias tão antigas
que ninguém mais sabe
quem foi que inventou ou
contou primeiro e hoje são
histórias de todo o mundo.
Mas estão nas histórias
africanas costumes, modos
de agir e de pensar, resolver
e criar que são dos povos e
das pessoas que vivem nos
países da África.
Os contos são tradicionais
porque revelam coisas comuns daquele lugar e são de
um tempo em que as pessoas ainda nem sabiam escrever. Eram transmitidos
de boca em boca.
É o caso da lenda do baobá. Dizem que ele é uma árvore de cabeça para baixo,
que busca suas forças no infinito dos céus e que dentro
dele mora um espírito.
É debaixo dele que os
mais velhos discutem e tomam decisões, por isso o
baobá também é conhecido
como árvore da palavra.
Todos participam
Para não esquecer os contos era preciso explorar a
repetição dos episódios, a
música, o ritmo, a dança, às
vezes uma fórmula para começar e outra para acabar.
O contador convida, e a
plateia participa, responde,
brinca, adivinha, repete
versos e até canta.
Se todos participam, as
histórias se renovam, são
inventadas de outro jeito, e
com tanta emoção, que acabam produzindo um impacto em quem ouve. Assim as
histórias ficam (e quem as
contou, também)!
O escritor CELSO SISTO tem mais de 40 livros
para crianças e jovens e já recebeu diversos prêmios com suas obras.
A "MBIRA"
Esse instrumento, normalmente de madeira e com "teclas" de metal, produz sons mágicos
nas mãos de um "gwenyambira", um tocador de "mbira". A unha toca a pontinha do metal,
e o som produzido parece o barulho das águas de um rio correndo sobre as pedras lisas. Os músicos aprendem a tocar com seus pais. O povo xona, que vive na beira do rio Zambeze,no Zimbábue, acredita que escutar "mbira" acalma a saudade.
SUNDIATA, UM HERÓI
O império do Mali foi fundado por esse bravo príncipe guerreiro. Com seu exército, ele
derrota as forças do mal e cria, de novo, uma nação pacífica. A lenda do século 13 é contada até hoje. O principal adversário de Sundiata é o rei de Sasso, dono de uma extraordinária magia: o poder das trevas e sobre as forças da natureza, combinados coma coragem de uma águia e a astúcia de uma cobra.
A LEBRE
Esse pequeno e ágil animal aparece em muitas histórias africanas. Ela
quase sempre consegue o que quer. Sua esperteza é sua marca principal.
Por ser um animal pequeno, acaba tendo que usar a inteligência
para sair dos apuros em que se mete. Só a tartaruga é tão esperta quanto a lebre na África.
OS GRIÔS
Griôs são os mestres que sabem as coisas antigas, as histórias orais do seu povo. Vistos
como poetas, são cantores e músicos. Só pode ser um griô quem nasce numa família de griôs. Esses contadores de histórias da África negra, que cantam, dançam, tocam instrumentos, contam também histórias verdadeiras e por vezes têm que atuar como "sacerdotes" ou juízes, em pequenas brigas do povo.
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