São Paulo, domingo, 2 de janeiro de 1994
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Palmeirense quer a seleção

DA REPORTAGEM LOCAL

A seleção brasileira é seu limite. Desde que assumiu o time do Palmeiras, em abril, Wanderley Luxemburgo norteou sua carreira para uma única obsessão. Ser campeão paulista e brasileiro na mesma temporada, derrubando tabus que perseguiam o time, reforçaram seu ideal. O que era uma esperança em 1990, quando conquistou o título paulista pelo Bragantino, tornou-se uma quase certeza, ao final do ano passado.
"Vou chegar ao cargo logo. Tenho a mais absoluta convicção. Chegarei lá naturalmente, sem atropelar ninguém", garantiu, depois de vencer o Brasileiro. A certeza ganha corpo com o apoio estrutural da Parmalat, eficiente o bastante para Luxemburgo retomar o caminho interrompido depois de ser campeão como Bragantino.
A interrupção é reconhecida pelo próprio treinador. "Em Bragança não havia nenhuma estrutura. Tive de trabalhar e construir do nada. O Braga foi o time da moda e, se eu continuasse, teria sido campeão brasileiro e chegaria logo à seleção", acredita.
Luxemburgo preferiu assumir um clube grande (Flamengo), abrindo uma brecha para Carlos Alberto Parreira ser convidado para a seleção, no ano seguinte. Foi uma fase baixa, em que enfrentou também problemas no Guarani e na Ponte Preta. Veio então o convite da Parmalat para assumir o Palmeiras, marcado por um violento jogo de vaidades de suas estrelas.
Luxemburgo era o quarto técnico sondado para o cargo –Parreira optou pela seleção, Carlos Alberto Silva foi vetado por conselheiros e Nelsinho Rosa preferiu evitar a colocação de mais uma ponte de safena. Perfeccionista, viu a grande possibilidade de retomar a fama de vencedor. Assim, até aceitou assumir o time sem mudar a comissão técnica.
Enfrentou mais problemas –como as brigas de Edmundo com Evair e Antônio Carlos–, para manter coeso um time milionário. Para isso usou até técnicas da neurolinguística.
Apostou também no misticismo e na superstição: fez com que o time utilizasse meias brancas nos dois jogos da final contra o Vitória. Levou também a equipe para uma concentração permanente em Atibaia, apontada como fonte de energia positiva.
Com a conquista do título brasileiro, Luxemburgo pôde finalmente fazer suas exigências. Levou dez dias negociando a renovação de contrato, em que pediu um salário de US$ 50 mil mensais, além de US$ 200 mil de luvas. Pediu ainda a contratação de um auxiliar, que deverá ser Pupo Gimenez. "Agora, jogaremos para o mundo."

Texto Anterior: São-paulino ameaçou parar
Próximo Texto: Vôlei busca a saída para vencer agora no feminino
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.