São Paulo, domingo, 2 de janeiro de 1994
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Vôlei busca a saída para vencer agora no feminino

SÉRGIO KRASELIS
DA REPORTAGEM LOCAL

O técnico Bernardo Rezende não quer fazer nenhuma previsão. Mas acredita que 1994 vai ser um ano fantástico para o vôlei feminino brasileiro. Recém-empossado no cargo no lugar de Wadson Lima, Bernardinho, 34, tem pela frente a missão de conduzir o time ao lugar mais alto do pódio em outubro próximo, quando a seleção feminina disputa no Brasil o Mundial da categoria.
"Seria incrível pôr as mãos na medalha de ouro. Mas é preciso muito trabalho e principalmente espírito de equipe para atingirmos o mesmo degrau da seleção masculina", diz Bernardinho, que viajou ontem com o time para a Alemanha, onde disputa a partir da próxima quarta-feira o Torneio de Bremen.
Hoje no comando de um time que acabou perdendo temporariamente as cortadas fulminantes da atacante Ana Moser, que após uma série de críticas sobre a preparação física da seleção decidiu pedir dispensa da equipe, Bernardinho aguarda novos tempos. "Ainda não posso dizer se as diferenças estão resolvidas. Mas, acima de tudo, está o objetivo de ganhar o Mundial. Se vamos conseguir só o tempo vai dizer", afirma o novo técnico.
Para Bernardinho, a coincidência em ser um ex-levantador como seu colega José Roberto Guimarães, que comanda a vitoriosa seleção masculina, pode ajudar o time feminino. E faz um alerta: "Assim como serei cobrado também farei exigências para toda a equipe. Mas desde já aviso que elas serão maiores para a Fernanda. É uma levantadora habilidosa e não quero vê-la correr qualquer risco de acomodação".
Dono da cadeia de restaurantes Delírio Tropical, no centro do Rio, o carioca Bernardinho está há dez anos casado com a atacante Vera Mossa, uma das musas do vôlei nos anos 80, que atualmente joga na Itália. Talvez por isso, comandar um time feminino não o assusta. "Existem jogadores e jogadoras difíceis de lidar. Não é exclusivo das mulheres. Agora, o que não pode acontecer é que a vaidade de uma se sobreponha a da outra. A força de um grupo está na soma de suas individualidades", receita.
Segundo ele, a cobrança para a conquista do título mundial será bem grande. "Muita gente acredita que esta é a última chance desta geração. Mas não penso assim. Nosso time é muito jovem ainda", diz o técnico.
Para amenizar as pressões externas, Bernardinho afirma que um apoio psicológico será dado às jogadoras. Mas, segundo ele, este virá na forma de ajuda ao grupo e não para solucionar problemas individuais. "Não vou cansar de repetir que daqui para frente devemos falar em nós e não colocar as questões no singular. O espírito de equipe tem que prevalecer", afirma o treinador.

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