São Paulo, terça-feira, 4 de janeiro de 1994
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O mundo em blocos

Começou a funcionar no primeiro dia deste ano o maior bloco comercial do mundo, o Espaço Econômico Europeu, que engloba os países da União Européia (ex-Comunidade Européia) e mais Austria, Suécia, Finlândia, Noruega e Islândia. O novo bloco possui 372 milhões de habitantes e um PIB de US$ 7,5 trilhões.
Cada vez mais os blocos econômicos de livre comércio ganham relevância, não somente na Europa. O governo dos EUA já anunciou que o prazo inicial para eliminação de tarifas entre os membros do Nafta (EUA, México e Canadá), de 15 anos, pode vir a ser reduzido. Mesmo o mais pobre Mercosul também parece caminhar: a chamada margem de preferência (desconto nas tarifas de importação para os países membros) subiu de 75% para 82% em 1.º de janeiro. Além disso, também prossegue a redução das listas de exceção –produtos considerados sensíveis e, portanto, merecedores de tratamento diferenciado.
Os reflexos do Mercosul, que para muitos têm passado despercebidos, já podem ser vistos na prática. O PIB do Rio Grande do Sul, fronteiriço aos países membros, cresceu 7,3% em 93 e havia crescido 6,5% em 92. O contraste com o restante do país é flagrante e grande parcela desse crescimento está sendo creditada ao acordo comercial da região.
Entretanto, as dificuldades macroeconômicas de cada país do Mercosul podem criar problemas e adiamentos nos calendários iniciais. Os industriais argentinos, por exemplo, reclamam barreiras para deter a entrada de produtos brasileiros. O congelamento do câmbio naquele país gerou uma sobrevalorização do peso que barateia as importações, levando o saldo do Brasil no comércio bilateral a US$ 1,1 bilhão em 92 e US$ 800 milhões em 93.
O que cabe agora aos países membros do Mercosul é lutar para que esses desequilíbrios macroeconômicos não acabem se traduzindo em mais protecionismo e terminem por inviabilizar o tratado e prejudicar o comércio na região. Afinal, é o que resta a nações alijadas dos principais blocos da economia mundial.

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