São Paulo, quinta-feira, 6 de janeiro de 1994
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CPI apura novo documento de empreiteira

INÁCIO MUZZI
DO PAINEL, EM BRASÍLIA

A CPI do Orçamento começou a analisar ontem um documento atribuído à empreiteira Servaz, que relaciona 49 políticos com percentuais do valor de obras executadas pela empresa.
O documento cita, além de vários parlamentares implicados no escândalo do Orçamento, o senador José Sarney (PMDB-AP), o ex-governador Orestes Quércia (PMDB-SP), os governadores Gilberto Mestrinho (PMDB-AM), Moisés Avelino (PMDB-TO), Freitas Neto (PFL-PI), e o irmão do governador Luiz Antonio Fleury Filho (PMDB-SP), Frederico Coelho Neto, o Lilico.
Um técnico da Subcomissão de Bancos da CPI investiga a relação entre os valores contidos no documento e a movimentação bancária daqueles citados que já tiveram o sigilo bancário quebrado.
O documento foi remetido por um ex-diretor da Servaz ao coordenador da Subcomissão de Emendas, deputado Sigmaringa Seixas (PSDB-DF). Como o material não é assinado e não está em papel timbrado da empreiteira, o deputado preferiu manter sigilo sobre seu conteúdo, à espera da comprovação da veracidade das informações.
A Folha apurou que o documento, além dos percentuais, detalha, em cruzeiros, a suposta retirada mensal da maioria dos citados. Em alguns casos, há uma referência aos serviços prestados pela empreiteira a políticos, como reformas em propriedades do ex-presidente Sarney.
O nome de Quércia aparece associado ao do tesoureiro de suas campanhas, José Lopes, o Zé Português, seguido da observação "% variável". Lilico surge associado ao nome Onofre, que suspeita-se seja Onofre Vaz, proprietário da empreiteira.
Conjuntamente à relação, a CPI recebeu três folhas contendo os nomes de todas as obras de interesse da Servaz, com valores respectivos. Até o final da semana, a CPI vai ter elementos para decidir sobre a veracidade do documento. Se o texto for considerado legítimo, a comissão pode iniciar novas investigações, que exigirão novo depoimento de Onofre Vaz.

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