São Paulo, sábado, 8 de janeiro de 1994
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PF abre inquérito para apurar se houve manipulação em jogos

MÁRIO MAGALHÃES
DA SUCURSAL DO RIO

A Polícia Federal abre até segunda-feira inquérito para apurar denúncias de manipulação de resultados em jogos no Rio. O inquérito será aberto a pedido da Procuradoria Regional da República, que quer saber se a Caixa Econômica Federal, apostadores das loterias esportivas e entidades beneficiadas por seus recursos foram prejudicados.
"Esse problema não é mais do Rio, mas nacional", disse o procurador Alcir Molina da Costa. "Apostadores de todo o país podem ter sido lesados por manipulação de resultados no Rio".
Ontem houve novas denúncias de corrupção no futebol fluminense na sindicância da Polinter sobre o escândalo da arbitragem. O ex-presidente do Sindicato dos Arbitros Reginaldo Mathias apresentou a súmula rasurada de um jogo entre Rubro (de Araruama, região dos Lagos) e Portuguesa (do Rio), pela segunda divisão do Estadual de 1988.
Mathias denunciou a existência de um suposto "grupo dos 20": juízes que teriam sido procurados em novembro pelo juiz Válter Senra, em nome do presidente da Federação de Futebol do Rio, Eduardo Viana, para influenciarem resultados no torneio de 1994. Listou 15 juízes que seriam a "tropa de choque" de Viana.
Senra se disse "estarrecido" com a acusação. Depois de negá-la, afirmou que pode processar Mathias. Eduardo Viana reafirmou que "pode" processar Mathias "e outras dezenas de pessoas". A Polinter chamará Senra e Viana para depor.
Um dos primeiros a depor no inquérito da Polícia Federal será o ex-diretor da Comissão de Arbitragem da Federação, Wágner Canazaro, aliado de Eduardo Viana. Canazaro é acusado por Mathias de ser o "executivo" de Viana para subornar juízes.
Foi acusado pelos juízes Cláudio Garcia e Cláudio Cerdeira de, numa reunião em dezembro, ter orientado os juízes a só "fazerem resultados que interessassem politicamente a federação." Canazaro nega as acusações.

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