São Paulo, sábado, 8 de janeiro de 1994
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Advogados vão recorrer da sentença no TRF

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA E DA REPORTAGEM LOCAL

Os advogados de Paulo César Farias vão recorrer da sentença no TRF (Tribunal Regional Federal). Irão alegar que não existem provas contundentes para condenar PC a quatro anos de prisão. Desde o início do processo, o empresário sustenta que era um "administrador ausente" e que não tinha conhecimento das irregularidades na contabilidade da empresa.
A contar de hoje, os advogados têm cinco dias para entrar com o pedido de apelação judicial. O TRF pode rejeitar, confirmar ou reformular a pena. Nabor Bulhões e D'Alembert Jaccoud são responsáveis pela defesa tanto de PC Farias como de Jorge Bandeira. Durante todo o processo, a orientação dos advogados para inocentar PC era a de que a responsabilidade pela administração da Brasil Jet cabia a Jorge Bandeira.
Bulhões chega hoje ao Brasil, depois de uma viagem de descanso na Europa. Reunidos ontem em Maceió, os irmãos de PC criticaram a decisão do juiz Pedro Paulo Castelo Branco. O deputado federal Augusto Farias (PSC-AL) disse que a família planeja, depois de conversa com os advogados, "arguir a suspeição" do juiz. "Este senhor não está no posto para julgar PC, mas sim para condená-lo, sem levar em conta nada que é apresentado pela defesa", afirmou Augusto.
Segundo o deputado, que é irmão do ex-tesoureiro da campanha de Collor, a condenação de PC por sonegação fiscal é caso de ironia. "O próprio juiz Castelo Branco já falou que tem 600 processos sobre sonegação para avaliar e por incrível que pareça só escolheu PC como culpado", disse. "É maior prova do tratamento desigual que a Justiça tem aplicado aos empresários no Brasil", disse.
Para sustentar o argumento de que o seu irmão tem sido tratado de forma diferente, Augusto Farias citou ainda o fato de a Receita Federal já ter reconhecido a existência de três milhões de sonegadores no país.
A advogada Maria do Carmo Prado informou ontem que também vai recorrer ao TRF. Responsável pela defesa de Rosinete Melanias (ex-secretária das empresas de PC) e de Ricardo Campos (ex-funcionário da Brasil Jet), a advogada não ficou surpresa com a sentença. "O processo estava caminhando para a condenação", disse.
A Folha tentou falar com Rosinete e Campos, ambos condenados a dois anos e oito meses de prisão, mas não conseguiu localizá-los. Nas suas casas, em Maceió, ninguém atendia ao telefone.

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