São Paulo, sábado, 8 de janeiro de 1994
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Bancos devem limitar depósitos na poupança

DA REPORTAGEM LOCAL

Bancos devem limitar depósito na poupança
Os bancos devem limitar o volume m ximo de dinheiro a ser depositado na caderneta de poupança j na próxima semana. Ontem, a Abecip (Associação Brasileira das Empresas de Crédito Imobili rio e Poupança) concluiu estudo que recomenda às instituições financeiras limitarem em CR$ 5 milhões a CR$ 10 milhões o valor do depósito m ximo. Essa recomendação ser passada aos bancos na segunda-feira.
"Diversas instituições nos procuraram, pedindo um limite para os depósitos", disse João Batista Gatti, presidente da Abecip.
A rentabilidade da aplicação -acima de 47%- tem atraído novos investidores, que estão migrando de CDBs e commodites para a poupança. O problema, disse Gatti, é que os bancos não conseguem no mercado rendimento suficiente para pagar as atuais taxas de remuneração da poupança. "Devemos aplicar 70% dos depósitos em crédito imobili rio e o retorno é a longo prazo."
Segundo Gatti, a Abecip poder desistir do limite caso o Banco Central abra uma linha de depósito volunt rio para os bancos. As instituições depositariam no BC os recursos especulativos vindos da poupança e o Banco Central remuneraria os bancos nas mesmas taxas de gastos com a poupança. Para ele, o BC não sairia perdendo na aplicação porque investiria o dinheiro em títulos públicos.
Essa proposta dever ser feita até terça-feira próxima, quando a Abecip tem reunião com o BC. Em fevereiro e março de 1990, quando a poupança atraiu muitos investidores, o BC abriu uma linha de depósitos semelhantes, informou Gatti.
Recorde
O saldo dos depósitos da poupança cresceu 3% nos três primeiros dias do ano, segundo dados da Abecip. A previsão, disse Gatti, é que o crescimento continue até a aprovação do plano econômico. A criação do limite m ximo deve reduzir o volume de aplicações.
A Abecip divulgou ontem os dados da captação em dezembro. O saldo da poupança cresceu 16% em relação à novembro, o que equivale a acréscimo de US$ 2,5 bilhões em depósitos. Esse número significa um recorde no saldo da aplicação, só perdendo para fevereiro de 1990, perto da posse do presidente Collor, quando o saldo na poupança cresceu 43% em relação ao mês anterior. E nos primeiros 13 dias de março daquele ano, o aumento foi de 15%.
Em comparação com 92, o crescimento do volume de saldo do ano foi de 33%. "Fechamos 92 com US$ 16,8 bilhões de depósito e encerramos 93 com US$ 22,5 bilhões", disse.
O dinheiro da poupança vem de pessoas que antes aplicavam em CDBs, fundo de commodites e renda fixa. Para ele, as pessoas estão indo para a caderneta devido às boas taxas e à garantia do governo de que honrar todos os contratos. "Se houver um congelamento, o rendimento da aplicação est garantido", disse.

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