São Paulo, sábado, 8 de janeiro de 1994
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Deságio do dólar é recorde desde 1986

DA REPORTAGEM LOCAL

O deságio do dólar comercial em relação ao paralelo atingiu ontem 4,17%. É um recorde, segundo levantamento de dados da Folha desde 1986.
A especialista Clarice Pechman, diretora da Associação Nacional das Empresas Credenciadas em Câmbio, diz que é um dos maiores des gios da história econômica brasileira.
Segundo ela, os investidores estão vendendo dólar no paralelo para aproveitar as altas taxas de juros do mercao financeiro. As Bolsas e as cadernetas estão recebendo boa parte do dinheiro.
O volume de negócios na Bolsa paulista passou de US$ 79,8 milhões no dia 3 para US$ 211,5 milhões ontem. Clarice Pechman diz que o crescimento dos negócios nas Bolsas é basicamente de dinheiro de capital estrangeiro, que "ent a no país legalmente". Investidores domésticos estão, no entanto, abandonando o dólar para aplicar na Bolsa, diz.
Os des gios são mais comuns nos meses de janeiro de cada ano. Isso porque os investidores que compraram dólar na segunda quinzena de dezembro para escapar do Imposto de Renda vendem a moeda norte-americana no início do ano.
Os altos juros do mercado financeiro brasileiro estão atraindo os recursos dos investidores. H uma expectativa de que os juros permanecerão elevados neste mês de transição para a entrada em vigor da URF e os investidores aproveitam, diz Pechman.
As cadernetas de poupança com projeção de rendimento de 49,7% na próxima terça-feira constituem-se também em atrativo para o dinheiro que est migrando do dólar no paralelo.
O Banco Central est balizando juros que tornam imbatíveis as aplicações no mercado financeiro. Ninguém pode enfrentar um Banco Central com reservas cambiais da ordem de US$ 30 bilhões, dizem os operadores do mercado financeiro.
O BC est realizando leilões di rios de compra no mercado de dólar comercial balizando as cotações e est permitindo a queda nas cotações do dólar nos mercados do flutuante e do paralelo este mês. Houve assim um abandono tempor rio na política cambial de unificação de taxas entre o dólar comercial e o flutuante.

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