São Paulo, sábado, 8 de janeiro de 1994
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Guerrilha ataca no centro do México

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

Em uma tentativa de esvaziar a rebelião camponesa iniciada no dia 1.º de janeiro, o governo mexicano ofereceu anistia a alguns dos rebelados. Em discurso transmitido em cadeia nacional de televisão, o presidente Carlos Salinas de Gortari descreveu a rebelião liderada pelo Exército Zapatista de Libertação Nacional como um "choque doloroso para (o Estado de) Chiapas e o coração de todos os mexicanos".
Os combates prosseguiam nas montanhas e florestas de Chiapas (sul). Nas cidades, soldados realizavam buscas de casa em casa. Em San Cristóbal de las Casas, a Artilharia instalou morteiros na praça central da cidade e disparou foguetes contra montanhas próximas. Aviões bombardearam a área rural em torno de San Cristóbal, forçando os habitantes a buscar refúgio na cidade.
Ontem, duas torres de eletricidade foram dinamitadas na região central do México. Em nota enviada ao diário "La Jornada", os zapatistas assumiram a autoria dos atentados nas cidades de Tehuacán (Estado de Puebla) e Uruapan (Estado de Michoacán).
Eles também ameaçaram estender as suas atividades até a capital federal, Cidade do México. "Esta missão (as explosões) está cumprida. A ordem é: avançar para a Cidade do México." Pouco antes da rebelião, os guerrilheiros roubaram cerca de 3.000 toneladas de dinamite e 1.400 detonadores.
O Aeroporto Internacional da Cidade do México foi colocado ontem em estado de alerta máximo por causa das ameaças. "Nós estamos em alerta constante e patrulhamos a área de cada terminal. Existe comunicação constante entre forças de segurança federais, polícia local e outras unidades", afirmou o porta-voz do Departamento de Aviação.
O governo mexicano, confrontado pela primeira vez em 20 anos com uma insurreição, acusou "profissionais da violência" de manipularem a pobreza do Estado de Chiapas. Segundo o governo, guerrilheiros guatemaltecos e salvadorenhos têm postos importantes na liderança do movimento zapatista.
Ontem foi a primeira vez que o governo falou em anistia. Antes, havia tentado iniciar negociações com os rebeldes, que recusaram as condições do governo: cessar-fogo, entrega das armas, libertação dos reféns e identificação dos líderes zapatistas.
Dados oficiais indicam que 102 pessoas morreram na insurreição. Mas a Igreja Católica fala em 400 mortos. Os zapatistas, nome escolhido em homenagem ao líder camponês Emiliano Zapata, tomaram seis cidades do Estado sulino de Chiapas no dia de Ano Novo. Descendentes dos maias, eles foram repelidos pelo Exército e se refugiaram nas montanhas.
Cerca de 12 mil soldados, um quinto do Exército mexicano, participa da repressão. Informações não confirmadas dão conta de violações de direitos humanos por parte de tropas do governo. Médicos legistas chegaram a levantar a hipótese de que rebeldes teriam sido executados à queima-roupa.

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