São Paulo, sábado, 8 de janeiro de 1994
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O condenado PC

O processo de depuração das instituições e da vida política nacional, ainda lento, falho e limitado, começa a apresentar resultados concretos. Se por um lado a exiguidade do tempo de trabalho da CPI do Orçamento pode impedir a devida investigação de alguns acusados, a condenação, por sonegação fiscal, do empresário Paulo César Farias e de três colaboradores é indício de que se pode começar a desmontar a rede de corruptos e corruptores que parasitam os cofres do país.
Não se trata aqui de comemorar de maneira irracional e vingativa a possibilidade de que a quadrilha vá parar atrás das grades –mesmo porque ainda cabe recurso à sentença e os acusados por enquanto são réus primários, podendo cumprir a pena em liberdade. De resto, a opção pelo confinamento, ainda que no caso presente possa ter valor simbólico, deveria se limitar àqueles condenados que representem ameaça física concreta aos cidadãos. Crimes de colarinho branco, mesmo que muito sujo, deveriam ser punidos com a restrição da atividade empresarial, prestação de serviços à comunidade e multas, pesadas multas. Além da satisfação do desejo de justiça, a sociedade espera ver novamente a cor do seu dinheiro.
Mais importante do que o enclausuramento de PC é que seus julgamentos –há outros além do recém-encerrado– podem revelar à opinião pública a extensão dos crimes do tesoureiro de Fernando Collor. E a confirmação da troca criminosa de favores entre PC e empresários é fundamental para a operação "mão limpas" brasileira. Proclamada judicialmente a existência de corruptos, há que se buscar os corruptores, sem o que não se vai desmontar a quadrilha que vampiriza o Estado.

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